O banco Votorantim reportou lucro líquido 26% inferior no segundo trimestre deste ano, de R$ 108 milhões, na comparação com idêntico intervalo de 2015, quando somou R$ 146 milhões, conforme dados publicados no balanço do Banco do Brasil. Em relação aos três meses anteriores, quando ficou em R$ 86 milhões, porém, foi identificada expansão de 25,5%.
No primeiro semestre, o lucro líquido do Votorantim totalizou R$ 194 milhões, retração de 27,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, de R$ 268 milhões. “Vimos no primeiro semestre pouca demanda por crédito seja no varejo ou no atacado. Diante de um cenário mais desafiador, adotamos uma postura mais conservadora na concessão de crédito e, por isso, reduzimos nossa carteira, o que, a despeito do bom desempenho da inadimplência, impactou nosso lucro”, explica o presidente do Votorantim, João Teixeira, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
A carteira de crédito ampliada do Votorantim encerrou junho em R$ 59,4 bilhões, retração de 10,9% em um ano e de 4,0% ante os três meses anteriores. A queda no trimestre foi motivada, principalmente, pelo segmento de corporate e banco de investimento que também pesou no comparativo anual com queda de 7,5% e 16,8%, respectivamente. O segmento de veículos, principal área de atuação do Votorantim, teve queda de 0,7% no trimestre e 4,5% no ano.
Para o segundo semestre, Teixeira prevê desempenho melhor tanto em termos de lucro como em concessão de crédito em relação à primeira metade deste ano. O executivo espera, contudo, um cenário “desafiador” até o primeiro semestre de 2017 em meio ao desemprego elevado no Brasil.
“O pico dessa questão do mercado de trabalho deve ocorrer no começo do ano que vem, mas há um tempo para a pressão na inadimplência diminuir e voltar a ter demanda de crédito”, avalia o executivo, descartando aumento da carteira para este ano. “Em julho e em agosto, vimos um mercado melhor. A produção teve um pequeno crescimento. Parece que superamos o fim do poço. É um movimento importante”, acrescenta.
Ao final de junho, a inadimplência acima de 90 dias da carteira gerenciada do Votorantim permaneceu estável em 4,6% na comparação com março. Em um ano, estava em 5,2%. O indicador do varejo, entretanto, foi a 5,7% contra 5,6% em março e 5,4% no término de junho do ano passado. No segmento de veículos, passou de 5,33% em março para 5,38% em junho.
O presidente do Votorantim comemora o fato de a inadimplência do banco ter ficado estável mesmo em um cenário de crise, uma das piores que o Brasil já enfrentou. Lembra que o indicador é resultado do novo modelo de negócios adotado pelo banco entre os anos de 2011 e 2012. Segundo ele, até mesmo no segmento de veículos, que impactou os calotes no passado, o indicador tem tido bom comportamento a despeito do momento atual em que o setor caminha para mais um ano de retração nas vendas.
As despesas com provisão para crédito de liquidação duvidosa (PDD) líquida de receitas de recuperação de créditos baixados do Votorantim anteriormente para prejuízo somaram R$ 457 milhões no segundo trimestre, redução de 10,0% em relação ao primeiro, impulsionadas, principalmente, pelo segmento de atacado. Em um ano, quando estavam em R$ 448 milhões, foi visto aumento de 2,00%.
Com a queda da carteira de crédito, o Votorantim tem se esforçado em aumentar as receitas com serviços e seguros. No segundo trimestre, esses ganhos foram a R$ 328 milhões, aumento de 5,6% em relação ao primeiro. No semestre, cresceram 12,3%, para R$ 639 milhões.
Os ativos totais do Votorantim somaram R$ 108,028 bilhões no segundo trimestre, aumento de 4,5% em um ano, mas queda de 1,2% no comparativo trimestral.
O patrimônio líquido do Votorantim foi a R$ 8,282 bilhões de abril a junho, alta de 5,5% na comparação anual e 2,5% em relação aos três meses anteriores. O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROE, na sigla em inglês) 5,4%, melhora ante o primeiro, de 4,5%.
Sobre o retorno, o presidente do Votorantim diz que o banco tem potencial para superar a rentabilidade média do setor bancário no Brasil no médio prazo, de 10% a 12%. Atenta, contudo, que o foco é a consistência de resultados. “Nosso foco é fortalecer o balanço. Se o custo do nosso funding fosse 100% do CDI, nosso ROE seria 5 pontos porcentuais maior só por essa razão”, diz ele, justificando a diferença em relação aos bancos privados que, além de custo menor, tem escala que ajuda a diluir os custos da operação.
Índice de Basileia
O índice de Basileia do Votorantim encerrou junho em 14,92% ante 14,39% em março e 14,86% no mesmo período de 2015. O indicador mede quanto o banco pode emprestar sem comprometer o seu capital.
Fatia
Sobre eventual intenção do Banco do Brasil de se desfazer de sua fatia no Votorantim, Teireixa diz que não tem informações sobre o assunto. Essa seria uma das possibilidades de desinvestimentos para o BB reforçar o seu capital.