Depois de desembarcar no Brasil por meio do comércio eletrônico, a Black Friday ganhou as ruas e, hoje, o evento já é uma das principais apostas do comércio físico para as vendas de fim de ano. Nesta quinta-feira, 23, pela cidade, faixas e cartazes anunciavam descontos de até 70%. Alguns estabelecimentos, decidiram antecipar as promoções. Foi o caso do Hipermercado Extra, em São Paulo. Uma unidade da rede na zona sul da cidade deu início à Black Friday às 22 horas, atraindo centenas de pessoas, que se estapearam por aparelhos de TV – os primeiros produtos da noite a entrarem na promoção.
O analista de segurança, Celso Brito, de 48 anos, conseguiu comprar uma delas. Ele havia passado no hipermercado, depois do trabalho, para comprar apenas um celular para o filho de 13 anos. “Fui atrás de um desconto no telefone, mas não encontrei o modelo que estava procurando e acabei levando uma TV de 40 polegadas”, contou. Brito já tem dois televisores em casa e planejava comprar mais um em breve. “Não estava nos planos, mas valeu a pena: paguei R$ 1.699, em vez de R$ 3.800”. Parecia satisfeito em sua Black Friday, apesar da previsão de espera de duas horas na fila do caixa. Nas grandes varejistas, a Black Friday já tem impacto importante nas vendas.
Para Jorge Pretz, diretor de marketing do Extra, a data já representa o resultado de dez sextas-feiras comuns. O fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, diz que quando a campanha começou há cinco anos, ela era mais forte no online, mas isso se inverteu e, os dados mais recentes da loja, mostram que 60% das vendas foram realizadas na loja física.
Previsão. Segundo a economista da Fecomércio-SP, Julia Ximenes, existe um movimento cada vez mais forte das lojas para ingressar no frisson que ocorre nos sites e nas redes sociais, mas o que se observa nos dados de vendas é que o efeito da megapromoção ainda é pequeno nas ruas. A federação estima para novembro um crescimento de 15% a 16% nas vendas do online, enquanto no varejo físico prevê um crescimento de 8%, desempenho considerado normal para o mês.
“O varejo físico faz uso da campanha, mas não consegue efetivar as vendas porque não existe incremento de renda na mão do consumidor, o 13.º salário só chega a partir do dia 30 em muitos casos, então as compras ficam para o Natal”, diz Julia Ximenes. Além da falta do 13.º, a gama de ofertas de preços e produtos oferecida na internet acaba causando uma concorrência desleal para as lojas físicas, explica a economista.
Mesmo assim, a onda chegou até à Rua 25 de Março, região de comércio popular no centro de São Paulo, onde os descontos e preços baixos já são tradição. “Se a gente não participar, fica atrasado”, afirma o gerente da Perfumaria 2000, Ricardo Gonçalves.
Apesar do esforço dos comerciantes, os consumidores nas ruas parecem não dividir a mesma empolgação. Muita gente nem sequer conhece a megapromoção. O porteiro Pedro Bertino, de 45 anos, pagou R$ 1.044 em um TV ontem, sem saber que possivelmente encontraria o mesmo produto mais barato na loja hoje. “Sabia que era em novembro, mas não sabia quando.”
Na Rua 25 de Março, a VestCasa, loja de roupas de cama, chegou a erguer em sua fachada um portal preto anunciando descontos de até 70%. A aposentada Meire da Conceição, 52 anos, foi atraída pelo anúncio, mas ficou desapontada. “Venho aqui toda quinta-feira. O preço está igual.”
Dicas:
Saiba os preços antes. Não dá pra saber se a promoção compensa se você não souber quanto custava o produto.
Compare Pesquise preços e condições em diferentes lojas. Sites de busca podem ajudar na comparação
Pague à vista. Não assuma dívidas para aproveitar os descontos. Juros altos anulam as vantagens da oferta.
Faça uma lista. Defina antes o que quer adquirir para evitar compras por impulso.
Cuidado com fraudes. Compre de sites que trazem o cadeado no canto esquerdo superior da tela, endereço físico, telefone e SAC.
Atenção com a entrega. Verifique data de entrega e condições de troca e devolução. É possível cancelar a compra no prazo de até 7 dias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.