O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, afirmou nesta segunda-feira, 3, que o cronograma das próximas rodadas de licitação de blocos de exploração e produção de petróleo e gás não correm o risco de sofrer atrasos em função das turbulências do cenário político nacional ou de eventual desinteresse de investidores. “Não há nenhuma possibilidade de mudança de cronograma”, ressaltou, em entrevista à imprensa.
Odonne explicou que a agência reguladora já adotou todas as medidas legais para a realização das licitações, de modo que o certame não depende mais de decisões políticas. Já pelo lado da demanda, ele reiterou que há forte interesse de investidores e operadores em participar da disputa pelos blocos, pois entendem que o Brasil respeita os contratos de exploração de petróleo, além de enxergarem que há viabilidade econômica nos projetos.
“Depois de ter conversado com centenas de investidores de todo tipo nas últimas semanas, como investidores financeiros e empresas de pequeno a grande porte, vejo que o interesse é grande, e os leilões serão bem sucedidos. Não sentimos impacto relevante das questões políticas sobre o interesse nas nossas rodadas”, afirmou.
Mais cedo, Oddone estimou que os nove leilões de blocos de petróleo previstos para ocorrerem até 2019 têm potencial para movimentar US$ 80 bilhões em investimentos em 300 novos poços marítimos, com capacidade de produzir 2 milhões de barris por dia até o ano de 2027. Ele projetou ainda a geração de US$ 100 bilhões em royalties para os cofres públicos durante os 30 anos de vigência dos contratos.
O diretor-geral da ANP ponderou, entretanto, que as licitações programadas até 2019 só serão revertidas em investimentos na indústria de óleo e gás ao longo dos cinco a seis anos seguintes, devido à complexidade dos projetos e às etapas de licenciamento. Por conta disso, ele defendeu a adoção de medidas para reaquecer o setor no curto prazo. Entre elas, ele citou a possibilidade de aumento do período de exploração dos contratos que foram licitados nas últimas rodadas, mas que ainda não foram realizados. “Isso dará mais tempo para as companhias fazerem a exploração”, explicou.
Oddone também mencionou a necessidade de destravar projetos que estão na carteira das companhias, mas que ainda não foram tocados por diversas razões, como pendências de aprovações ou polêmicas envolvendo o teor do conteúdo local. “Precisamos trabalhar para que esses projetos deslanchem e, a partir daí, seja possível aumentar a atividade, os empregos e os royalties.”