A crise política teve impacto limitado no setor de varejo, pelo menos quando se observam os dados dos estoques do comércio. Os números permaneceram praticamente estáveis nos últimos dois meses, mostram dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Após uma alta de 2,7% na passagem de maio para junho, o Índice de Estoques (IE) do comércio varejista na região metropolitana de São Paulo voltou a cair em julho, recuando 2,5% na comparação com junho, e atingindo 105,8 pontos. Este índice, calculado pela entidade desde 2011, capta a percepção dos comerciantes sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas e varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação.
Apesar da queda na comparação mensal, o índice cresceu 6,6% em relação a julho de 2016. Assim, a proporção de empresários com estoques adequados alcançou 52,8%, mantendo-se acima dos 50% pelo terceiro mês consecutivo, mas ainda abaixo dos 60% a 65% vistos em momentos de boas vendas, de acordo com a FecomercioSP.
Em julho, tanto o grupo que diz ter estoques elevados quanto o que afirma ter estoques baixos apresentaram pouca variação, atingindo 33% e 13,9%, respectivamente. Em junho, os porcentuais foram de 32,1% e 13,5%.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, os diferenciais entre estoques acima e abaixo do adequado tiveram uma pequena alta em julho, mas dentro da margem de erro, não havendo interrupção efetiva no ajuste de estoques que havia sido percebido no começo de 2017. “Os indicadores de estoques, de forma geral, continuam em patamares melhores do que no passado recente, mas ainda aquém do desejável de uma economia em sua plenitude”, ressalta o estudo.
A FecomercioSP ressalta que a economia tem mostrado resistência à piora do ambiente político, mas em meio ao aumento da incerteza, “nada garante que esse relativo descolamento vai persistir”.