O Brasil tem conseguido “progresso significativo” na agenda de inovação, mas os ganhos associados com essas políticas têm sido limitados, afirmou a diretora executiva do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Industrial Performance Center (IPC), Elizabeth Reynolds, que apresentou estudo da instituição norte-americana no Fórum Estadão Brasil Competitivo que recomenda uma agenda de seis prioridades para o Brasil acelerar suas estratégias de inovação.
A pesquisadora apresentou alguns fatores que contribuem para os ganhos limitados da inovação no Brasil. O principal deles é que o Brasil é pouco integrado à economia mundial e precisa estreitar esses laços.
Outra questão é que os programas de inovação são muito amplos e é preciso uma estratégia mais especializada. A diretora ressaltou ainda que os custos e riscos associados à inovação são muito altos. Nos Estados Unidos, ela mencionou que ao redor de 50% das startups acabam quebrando.
A recente crise econômica e política ameaça “descarrilar” a agenda de inovação brasileira, disse a diretora do MIT, destacando que o Brasil não pode se permitir ficar atrás dos progressos tecnológicos mundiais. Por isso, é preciso aproveitar a retomada da atividade econômica para voltar a avançar com a agenda.
“Inovação não acontece só em laboratórios ou na universidade, acontece em todo lugar”, disse ela em sua apresentação no evento. Elizabeth Reynolds apresentou as conclusões dos estudos feitos no MIT e financiados pelo Senai de uma agenda de seis itens para priorizar a inovação no País. “O Brasil precisa de novos modelos e parcerias”, disse ela.
Uma das principais recomendações do MIT é que o Brasil precisa assegurar que a política industrial apoie a inovação. Outra é reforçar o papel das universidades como fomentadoras de inovação. A diretora ressaltou ainda que é preciso apoiar inovações que estimulem um “ecossistema de inovações”. Além disso, o País precisa se integrar mais ao mundo, ter acesso a fornecedores mundiais e aos centros internacionais de inovação.
O Brasil tem tido sucesso na inovação, mas criou “ilhas” no País, um modelo que é difícil de sustentar, na medida em que o processo precisa ser mais integrado. Elizabeth destacou a necessidade de se estimular a trajetória de empreendedores, que estimulem negócios dentro do país e que essas empresas nascentes também operem no exterior. Ela ressaltou que nos Estados Unidos, empreendedores vendem suas startups a empresas e com o dinheiro levantado empreendem novamente e criam novas companhias.
A diretora ressaltou que é preciso que o Brasil crie estratégias de longo prazo em áreas que o País tenha vantagem comparativa, como energia renovável e extração de petróleo de águas profundas. “Com progressos nessas áreas vamos ver o Brasil em um lugar diferente em cinco a dez anos”, disse ela ao concluir a explicação da agenda de seis prioridades.