O Brasil já registra nas oito primeiras semanas deste ano mais do que o dobro de casos de dengue notificados no mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde. O País soma 174.676 registros suspeitos da doença, contra 73.135 em 2014, alta de 139%. O aumento no Brasil é puxado pela alta de casos observada no Estado de São Paulo, onde o crescimento foi de 697%.
No período analisado, os municípios paulistas somaram 94.623 registros da doença, ante 11.876 registros nos dois primeiros meses do ano passado. Até agora, São Paulo concentra 54% do total de casos do País. É a terceira maior taxa de incidência do Brasil, atrás de Acre e Goiás. Ainda segundo dados do ministério, São Paulo lidera no número de mortes. Dos 39 óbitos registrados até agora no Brasil, 24 deles ocorreram em território paulista. Em relação ao ano passado, o Estado teve crescimento de 380% nas mortes – foram cinco no mesmo período de 2014.
“Nem na epidemia de dengue que tivemos no Rio de Janeiro anos atrás tivemos um porcentual de mortes tão alto. Isso significa que as unidades de saúde de alguns municípios, principalmente do interior paulista, não estão seguindo os protocolos de atendimento corretos na chegada de um caso suspeito”, disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro, durante a apresentação dos dados. Ele afirmou que a alta de casos no Brasil e em São Paulo se deve a três principais motivos: as altas temperaturas que favorecem a proliferação do mosquito da dengue, o armazenamento de água sem proteção por causa da crise hídrica e falhas de algumas prefeituras na ação de combate à doença. “Teve município que não fez a lição de casa, não começou o trabalho de prevenção em outubro do ano passado, como orientado pelo ministério”, afirmou ele.
Chioro se reúne na tarde desta sexta com o secretário estadual da Saúde, David Uip, para definir estratégias conjuntas de combate à doença, entre elas a distribuição em todas as unidades de saúde paulistas de folhetos informativos com o protocolo que deve ser seguido em caso de atendimento de um caso suspeito. Também serão feitas capacitações com funcionários do sistema de saúde.
Na cidade de São Paulo, o número de casos notificados é de 2.708 registros, alta de 88% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar do crescimento, o prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que, com as medidas de combate adotadas pela Prefeitura, a projeção do número de casos para este ano na cidade caiu de 90 mil para 57 mil. Ainda assim, é quase o dobro do registrado no ano passado.