Desnorteados com a inclusão do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) na lista dos investigados da Operação Lava Jato, os tucanos discutirão, no início da semana, como será a atuação do partido de agora em diante na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. O PSDB mineiro defende a radicalização da postura na comissão como forma de proteger o ex-governador e senador de Minas Gerais, mas ainda não há consenso sobre qual a melhor estratégia a ser adotada agora.
Os tucanos classificaram como “chocante” o envio pela Procuradoria Geral da República (PGR) do nome de Anastasia ao Supremo Tribunal Federal (STF) e dizem que o senador “entrou de gaiato” na lista. Há quem diga que o “conjunto da obra” produzida pelo procurador-geral Rodrigo Janot esteja “bom”, mas que a divulgação da lista é apenas o começo de uma série de denunciados que ainda surgirão.
“A melhor defesa vai ser a radicalização da nossa posição para apurar tudo”, pregou o deputado e presidente do diretório estadual do PSDB de Minas, Marcus Pestana, falando em “indignação e perplexidade” no tucanato. Ele afirma que a defesa de Anastasia será “a mais fácil da história do Judiciário brasileiro”, uma vez que o mineiro tem uma vida simples e honesta. “(A inclusão na lista) é uma forma de incluir um tucaninho na Lava Jato”, protestou Pestana.
Revoltado com o desgaste na imagem de Anastasia, o dirigente do PSDB de Minas diz que o partido agora vai investigar a fundo o esquema de corrupção na Petrobras. “A opinião pública não entende o processo judicial, então ter o retratinho dele nos jornais já é uma punição irreversível. Ele nunca mais será o mesmo”, lamentou.
Além de a bancada do PSDB se reunir no início da semana para definir a estratégia de atuação na CPI, na quarta-feira, 11, haverá encontro da Executiva Nacional em Brasília. “Vamos conversar com o líder, Carlos Sampaio (SP), e ver como vamos conduzir isso”, disse o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que também é vice-presidente da CPI da Petrobrás.
Na última semana, os tucanos decidiram que avaliarão caso a caso sobre os arrolados nas investigações para definir se entram com representação no Conselho de Ética ou ação dentro do escopo da CPI. “A gente não pode ter um comportamento semelhante ao PSOL de levar todo mundo para o Conselho”, defendeu Imbassahy.
FHC
Nos últimos dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu a possibilidade de aproximação com a presidente Dilma Rousseff para discutir uma saída para a crise econômica e política. Segundo fontes, o vice-líder da minoria na Câmara dos Deputados, Raul Jungmann (PPS-PE), intermediou uma conversa entre o ex-presidente e o ex-deputado petista Sigmaringa Seixas.
No Congresso, os parlamentares do PSDB se dizem preocupados com o agravamento da crise e a demora na aprovação do Orçamento de 2015, mas dão como certo nos próximos dias a derrubada de vetos presidenciais, entre eles o que trata da tabela de correção do Imposto de Renda (IR).