Ao defender a provável confirmação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) como nova ministra da Agricultura, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, reconheceu que, desde o primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “nenhum progressista” chefiou até agora a pasta.
Apesar de afirmar que não tem “nenhuma informação” sobre quem ocupará a pasta no próximo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) ou quando será o anúncio oficial, Carvalho disse não enxergar a confirmação do nome da presidente da Confederação Nacional da Agricultura como uma contradição à história do PT e à militância, apontada por setores do partido como a responsável pela vitória da petista no segundo turno da eleição presidencial.
“Não vejo (como um problema) porque, se você analisar de 2003 até agora, quem ocupou o Ministério da Agricultura não tem nenhum perfil progressista. É um ministério cuja função quase culturalmente está voltada para um representante do agronegócio. Foi o Roberto Rodrigues, que é um assessor importante nessa linha do agronegócio, depois foi o Wagner Rossi, agora também o nosso companheiro Neri (Geller). O que nos interessa muito é o que vai ser no MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), no MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), na Educação, na Saúde, enfim”, disse Carvalho após participar de reunião do Conselho Fiscal do Sesc, no Rio.
Sobre a Operação Terra Prometida, da Polícia Federal, que investiga dois irmãos do atual ministro da Agricultura, Neri Geller, Gilberto Carvalho afirmou não temer reflexos sobre, por exemplo, a reforma agrária, e citou a Petrobras. “Não abala em nada”, disse. “Primeiro porque temos de esperar a conclusão desses processos e a formulação das acusações efetiva e, se constatadas, aí sim as pessoas serão culpadas. Por enquanto, elas são apenas acusadas. Segundo porque o processo de reforma agrária não passa por esse tipo de comportamento, se é que ele existiu. Então, não podemos misturar uma coisa com a outra. Não são os erros de gente dentro da Petrobrás que invalidam a Petrobras em processos como o pré-sal e daí por diante”.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência voltou a defender as confirmações de Joaquim Levy como novo ministro da Fazenda e de Nelson Barbosa no Planejamento. “Eu não vejo nenhum problema (nos nomes). Acho que tem de ser uma questão muito clara que quem governa é a presidenta, não é o ministro. Ministro não tem autonomia para fazer uma política própria, ele faz uma política dirigida pela presidenta, discutida com a presidenta e, ao fim, resolvida pela presidenta.”
Ainda segundo Carvalho, o que vai determinar o “respeito” à militância do PT que foi às ruas nas eleições “são os sinais concretos que o governo emitir a partir de janeiro do ponto de vista da continuidade das políticas sociais, do modelo de crescimento com distribuição de renda, da valorização do salário mínimo, enfim: daquilo que tem sido a espinha dorsal do nosso governo”.