Economia

Prejuízo da Vale vai a R$ 9,53 bi no 1º trimestre devido ao câmbio e minério

O prejuízo líquido da Vale somou R$ 9,538 bilhões no primeiro trimestre do ano, revertendo, assim lucro reportado no mesmo período de 2014. Impactado pelos menores preços do minério de ferro e pela desvalorização cambial, que trouxe um efeito não-caixa, o prejuízo da mineradora brasileira no trimestre é o terceiro consecutivo.

Embora a Vale apresente seu desempenho financeiro em dólares, a depreciação do real impacta seus resultados, já que a moeda funcional para a controladora é a brasileira. Em dólar o prejuízo da Vale foi de US$ 3,118 bilhões no primeiro trimestre de 2015.

Ainda considerando o resultado da companhia na moeda brasileira, o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 4,635 bilhões, queda de 51,6% em relação ao observado no mesmo intervalo de 2014 e recuo de 16,8% na comparação trimestral. Já a receita líquida da companhia somou R$ 18,027 bilhões nos três primeiros meses do ano, queda de 19,6% na relação anual e recuo de 22,1% na trimestral.

O preço médio do minério de ferro da Vale ao longo do primeiro trimestre do ano foi de US$ 46,01 a tonelada, queda de 51,5% em relação ao valor registrado em mesmo período do ano passado, de US$ 94,79 a tonelada. Em relação ao valor dos últimos três meses do ano passado, houve uma queda de 25,3%. “Com a demanda por minério de ferro reduzida, os preços permaneceram em níveis baixos, pesando sobre a produção. Desde janeiro de 2014, mais de 80 milhões de toneladas de capacidade de produção transoceânica de alto custo foram encerradas ou suspensas de acordo com informações divulgadas pelas próprias empresas”, destaca a Vale no documento que acompanha o seu demonstrativo financeiro.

Segundo a mineradora, é esperado para o futuro melhora na demanda chinesa por aço, “conforme o setor de construção responde às medidas de flexibilização econômica atuais e, possivelmente, futuras”. A China foi destino de 50,1% das vendas de minério de ferro e pelotas da Vale no primeiro trimestre de 2015, informou a companhia. No total as vendas de minério e pelotas somaram 73,59 milhões de toneladas, aumento de 8,5% sobre um ano antes. Em relação ao quarto trimestre, as vendas recuaram 19%.

O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, destacou que o impacto da desvalorização do real em relação ao dólar na dívida da companhia se realiza ao longo de nove anos, que é o prazo médio de vencimento desses passivos da empresa. “Já os benefícios da desvalorização do real sobre as receitas são auferidos imediatamente”, destacou, em vídeo em que comenta os resultados trimestrais da companhia.

A Vale explicou, no documento divulgado no início da manhã desta quinta-feira, 30, que acompanha o seu demonstrativo financeiro, que a depreciação do real causou um impacto da diferença na dívida denominada em dólar e os ativos denominados em dólar, como contas a receber. Com isso, a mineradora sofreu uma perda de US$ 3,019 bilhões no primeiro trimestre.

A alavancagem da companhia no primeiro trimestre do ano, medida pela razão dívida total pelo Ebitda ajustado, foi a 2,6 vezes ao fim de março. No fim do ano passado esse indicador estava em 2,2 vezes.

A dívida líquida da companhia nos três primeiros meses do ano somou US$ 24,802 bilhões, aumento de 7% ante o primeiro trimestre de 2014. Em relação ao quarto trimestre a dívida líquida em dólar permaneceu praticamente estável (US$ 24,685 bilhões).

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