A queda nas vendas de veículos novos nos últimos dois anos, depois de praticamente uma década de crescimento, teve impacto negativo na renovação da frota brasileira. A idade média dos veículos que circulam pelo País ficou em 8 anos e 8 meses em 2014, interrompendo uma sequência de queda que ocorria desde 2007, quando estava em 9 anos e 2 meses.
Em 2012 e 2013, a idade média da frota de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus ficou em 8 anos e 6 meses, segundo mostra estudo anual recém concluído pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
De acordo com o conselheiro do Sindipeças, Elias Mufarej, numa base grande formada por uma frota de 41,5 milhões de veículos, a expansão de dois meses na idade média é bastante significativa. “Reflete a queda nas vendas, especialmente em 2014, e mostra que entrou menos carros novos no mercado.”
Para este ano, Mufarej acredita em novo retrocesso já que a previsão das montadoras é de queda de 12,3% nas vendas de veículos leves, para 2,9 milhões de unidades. No ano passado, a perda foi de 7,1% em relação a 2013, totalizando 3,3 milhões de unidades.
Em razão dos dados fracos do ano passado, a relação entre o número de habitantes por veículo também desacelerou. Desde 2004, vinha diminuindo entre 0,2 e 0,5 pessoa por carro, mas em 2014 a redução foi de apenas 0,1. Passou de 5 habitantes por veículo em 2013 para 4,9 no ano passado.
Ainda assim, diz Mufarej, representa em dez anos uma redução de 40% na relação e coloca o Brasil mais perto de países como Argentina e México, onde a relação é de 3,6 habitantes por veículo. Nos EUA a relação é de 1,2 habitante por carro, enquanto no Japão é de 1,7. Nos países europeus varia de 1,4 a 2.
“Vamos atrasar um pouco a mudança de relação porque o resfriamento do mercado em 2015 será bastante expressivo”, contata o conselheiro do Sindipeças. Previsões feitas no período em que o mercado brasileiro de carros crescia seguidamente indicavam que o Brasil teria 4 habitantes por veículo em 2014.
O crescimento da frota circulante também desacelerou no ano passado, quando aumentou 3,7% em relação à frota do ano anterior, somando 41,5 milhões de veículos. De 2007 para cá, a frota nacional crescia a um ritmo de 7% a 8% ao ano.
Mais velha. Essa frota também está mais envelhecida. No ano passado, 41% dos veículos que rodavam pelo País tinham até cinco anos de uso, participação que era de 43% em 2013. Já a participação dos veículos com mais de 15 anos baixou de 19,2% para 18%, ainda assim bastante elevada, avalia Mufarej.
“O País necessita de um programa de renovação da frota desses veículos antigos e preferencialmente deveria começar pelo transporte de carga, que tem circulação intensa”, afirma Mufarej. Para caminhões, por exemplo, a idade média da frota é de 9 anos e 5 meses.
O estudo do Sindipeças, atualizado anualmente, tem por objetivo ajudar a direcionar a produção das autopeças para o mercado de reposição.
Os dados consideram uma taxa de mortalidade de 1,5% ao ano para os automóveis e de 1% para caminhões e ônibus, em razão dos veículos que deixam de circular por motivos variados, como acidentes com perda total e desmanche. Em razão disso, são diferentes dos números do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que não aplica essa taxa.
Manutenção. Para incentivar a manutenção preventiva dos veículos, o Sindipeças criou o aplicativo “Carro 100%” que analisa virtualmente as condições do veículo e alerta para as datas das revisões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.