O ano de 2015 é um ano de ajuste para o Brasil e na medida em que as medidas da equipe econômica para arrumar a economia vão progredindo, a confiança dos empresários e consumidores deve se recuperar dos atuais níveis baixos, afirma o diretor do departamento para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner. Para ele, o Banco Central do Brasil tem mostrado um “compromisso muito claro” de trazer a inflação para perto da meta de 4,5%.
“À medida que a implementação dessas políticas de ajuste comece a se refletir nos números, isso vai fazer com que a confiança vá se recuperando e, eventualmente, depois de um período, pode haver um processo de recuperação do investimento”, afirmou o diretor, citando que os empresários tem reduzido os gastos por conta do aumento da incerteza. Werner falou com jornalistas para comentar um novo relatório que o FMI divulgou na semana passada, chamado “Perspectiva Econômica Regional: Hemisfério Ocidental”. O documento prevê que o Brasil terá em 2015 a desaceleração mais severa da economia em mais de duas décadas.
“A economia do Brasil vem enfrentando uma desaceleração importante”, disse Werner na entrevista, afirmando que vários indicadores do país estavam mostrando piora, como o déficit em conta corrente, a inflação e as contas fiscais. Por isso, a necessidade de medidas do governo para arrumar a economia.
“O governo brasileiro anunciou um ajuste importante para recuperar a confiança e a sustentabilidade das finanças públicas. Além de um aumento importante dos juros para conter a inflação e as expectativas de inflação de médio prazo”, disse Werner. Após subir 8% este ano, refletindo o ajuste em preços administrados, a previsão do FMI é que a inflação, medida pelo IPCA, reduza o ritmo de alta em 2016, para 5,4%.
O próprio ajuste na economia, com corte de gastos e elevação dos juros, vai contribuir para afetar a atividade econômica em 2015. “Neste contexto, antecipávamos que a desaceleração que já vinha registrando a economia brasileira ia continuar”, ressaltou Werner. Na medida em que o ajuste avance, o diretor afirma que a expectativa é de recuperação da credibilidade dos agentes “no conjunto de políticas macroeconômicas”, com o Brasil voltando a crescer em 2016. O FMI projeta contração de 1% este ano na economia e expansão de 1% no ano que vem.
Petrobras
Outro impacto na atividade econômica no curto prazo vem da queda do preço do petróleo e da Petrobras, ressalta o diretor do FMI. As cotações mais baixas da commodity devem afetar o investimento do setor, que já vem sofrendo as implicações das denúncias de corrupção na Petrobras.