O varejo de supermercados deve sentir uma desaceleração no ritmo de expansão em número de lojas este ano, avaliam representantes do setor. Apesar dos líderes Carrefour e Grupo Pão de Açúcar (GPA) manterem investimentos, associações temem que a menor disponibilidade de financiamento este ano afete a capacidade de investimentos das redes médias.
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Yamada, considera que há menor oferta de crédito para construção de novas lojas ao mesmo tempo em que a alta de juros dificultou o acesso de empresas ao financiamento. Ele participou de uma feira do setor em São Paulo.
Yamada ainda considera que as redes médias têm maior dependência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, portanto, têm sido afetadas pelo processo de redução e reorganização dos investimentos do banco público. Segundo ele, o setor tem feito reuniões para pedir mais aportes no comércio.
Apesar de duro, o cenário não indica ainda uma total estagnação na abertura de lojas do setor, de acordo com o economista da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Rodrigo Mariano. No Estado de São Paulo, a previsão da entidade é de um aumento em torno de 1% na base total de lojas do varejo supermercadista em 2015 ante 2014. O ritmo de crescimento, porém, é menor que em períodos anteriores. Em 2013, por exemplo, chegou a 2%, diz.
Mariano lembra ainda que a expansão está concentrada em algumas companhias e em alguns formatos de loja. Ainda são inauguradas lojas novas no atacado de autosserviço (também conhecido como “atacarejo”) e no segmento de minimercados, formatos que estão nos planos tanto do Carrefour e quanto do GPA. “Mas são investimentos que já haviam sido planejados com antecedência por esses grandes grupos”, diz Mariano. “Quem está tentando planejar agora, tem mais dificuldades”, completa.
Por conta da expansão em lojas, ainda que pequena, o setor também ainda acredita em crescimento no número de empregos este ano. Mariano afirmou que a expectativa é que o setor em São Paulo chegue a 525 mil colaboradores, alta de 1,2% na comparação com o patamar de dezembro de 2014. O economista da Apas ressalta, porém, que o ritmo de criação de novos empregos é bastante menor do que em anos anteriores. Entre 2013 e 2014, por exemplo, houve aumento de 3,7% no total de colaboradores do setor.