O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, incluiu uma sucinta mensagem no balanço anual da companhia na qual, basicamente, reconhece perdas com atividades suspeitas de corrupção, que estão sendo investigadas na Operação Lava Jato e informa que a estatal está implementando uma metodologia para detectar eventuais irregularidades semelhantes. Sem citar qualquer cifra no texto de sete parágrafos, ele informa que a estatal vai reduzir seus investimentos até 2018, mas atribui o fato também à mudança no cenário internacional do setor.
Mantendo um tom otimista na carta, Bendine diz que, com a publicação dos balanços auditados nesta quarta-feira, 22 – com atraso de cinco meses – “a Petrobras transpôs uma importante barreira, após um esforço coletivo, que evidencia nossa capacidade de superação de desafios em um contexto adverso”.
Concluída a divulgação dos resultados, o executivo informou que a empresa irá manter o foco “nos desafios de médio e longo prazos”. O principal deles é a elaboração de um novo plano de negócios, “no qual incorporaremos premissas econômicas que refletem o cenário atualmente vivenciado pela indústria do petróleo”.
Para prevenir eventuais repetições de irregularidades como as reveladas pela investigação da Polícia Federal, a companhia desenvolveu, segundo o presidente, um sistema específico. “Desenvolvemos uma metodologia para estimar os gastos adicionais frutos do esquema de pagamentos indevidos revelado pela Operação Lava Jato. As baixas referentes a esses gastos adicionais impostos por esse esquema foram reconhecidas no terceiro trimestre de 2014”, disse, na carta.
Adicionalmente, afirmou o executivo, mudanças no contexto dos negócios da Petrobras, em função do declínio dos preços do petróleo, apreciação do dólar e necessidade de reduzir o nível de endividamento, estimularam uma revisão das perspectivas futuras e, consequentemente, “levaram à necessidade de redução no ritmo de nossos investimentos”.
“Como resultado, a companhia decidiu postergar a conclusão de alguns ativos e projetos inclusos em seu plano de negócios 2014-2018. Essas postergações geraram impactos nos testes de impairment, cujas perdas foram reconhecidas no quarto trimestre de 2014”, diz o texto.
“Estamos revendo nossos investimentos com o objetivo de priorizar a área de exploração e produção de petróleo e gás, nosso segmento mais rentável. Almejamos construir um plano sustentável sob a ótica do fluxo de caixa, levando em consideração os potenciais impactos na cadeia de suprimentos e, por conseguinte, na nossa curva de produção.” Em 2014, os investimentos da estatal somaram R$ 87,140 bilhões, queda de 17% sobre 2013.
Bendine termina a carta afirmando que a Petrobras se manterá “rentável e eficiente, com significativos aprimoramentos em sua governança corporativa e cada vez mais centrada em retornos para seus acionistas e investidores”.