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Adolescentes são detidos suspeitos de roubo a motoristas da Uber

Três adolescentes foram apreendidos na noite desta quarta-feira, 30, por suspeita de roubo a motoristas da Uber. Pelo menos cinco condutores do aplicativo de transporte, vítimas de crimes nos últimos dois meses, compareceram à delegacia onde o caso foi registrado e reconheceram os jovens na manhã desta quinta-feira, 1º. Eles atuavam com um padrão: agiam em grupo, sempre à noite, solicitando corrida em dinheiro próximo ao Ceagesp, na Vila Leopoldina. Dois suspeitos têm 17 anos e o outro, 15.

Por volta das 23 horas desta quarta, policiais militares que faziam patrulhamento de rotina avistaram um veículo na Rua Major Paladino, na Vila Leopoldina, com quatro indivíduos – o motorista e os três adolescentes. Um dos jovens havia feito o pedido de corrida pelo aplicativo. O condutor fez alguns manobras com o carro ao avistar a PM, o que levou à abordagem por atitude suspeita.

Os policiais solicitaram a parada do veículo e foram obedecidos. O condutor explicou que havia sido solicitado por um adolescente que se identificou no aplicativo como “Lucas”, um nome falso. O trio não portava documentos pessoais.

No carro, a polícia encontrou um revólver calibre 32 com quatro munições, além de dois celulares. Um dos aparelhos era roubado e pertencia a Moisés Evangelista de Oliveira, de 35 anos, motorista da Uber que havia sido vítima de um roubo no dia 18 de novembro. Oliveira foi à Delegacia nesta manhã e identificou dois adolescentes como autores do roubo.

Ele conta que recebeu um pedido de corrida sob a Ponte do Jaguaré, na saída da estação de trem Villa Lobos-Jaguaré, por volta das 22 horas de uma sexta-feira. Dois rapazes entraram no veículo e anunciaram o assalto. Um deles teria retirado uma arma e apontado para o condutor, obrigando-o a parar 50 metros depois para a entrada de outros dois assaltantes.

Segundo o motorista, a quadrilha percorreu a cidade com ele por uma hora. O grupo levou dois celulares, um relógio, uma corrente, a aliança, a carteira, os tênis e a jaqueta. Na abordagem, pediu a senha dos aparelhos celulares e liberou o motorista na calçada do Ceagesp.

Motorista da Uber há um ano e dono de uma empresa de táxi executivo, Oliveira desistiu do aplicativo. “Nunca mais vou usar. Não faço mais serviço para a Uber desde que tive essa experiência terrível. Agora, só atendo clientes conhecidos”, afirmou. O condutor disse que enviou quatro e-mails para a empresa, com o boletim de ocorrência anexado, e recebeu uma ligação cinco dias depois da Uber. “Eles me perguntaram se eu estava bem e só. Não fizeram mais nada. E ainda cobraram a taxa referente à corrida que os assaltantes fizeram comigo quando circulamos por uma hora. A viagem deu R$ 50”, disse.

Além de Oliveira, outros motoristas também vítimas de roubo informaram que as abordagens eram feitas por quatro homens. Por causa dos relatos, a polícia investiga a participação de uma quarta pessoa. Elder Leal, delegado titular do 91º DP (Vila Leopoldina), onde o caso foi registrado, informou que o trio seria levado para a Vara da Infância e Juventude ainda nesta quinta.

Em nota, a Uber informou que começou a aceitar pagamento em dinheiro para “democratizar” o acesso dos usuários. “Democratizar o acesso ao app é fundamental para que cumpramos a nossa missão, que é prover acesso a transporte confiável, ao toque de um botão, para mais gente em mais lugares”.

Questionada, a empresa não respondeu se vem acompanhando os relatos de motoristas que são vítimas de roubo ou se tem prestado assistência aos colaboradores. Mas afirmou que tem atuado ativamente para auxiliar as autoridades.

A Uber disse ainda que leva as críticas dos parceiros “muito a sério” e que trabalha para aumentar a segurança da plataforma. “Estamos ainda fazendo reuniões com grupos de motoristas parceiros de São Paulo para ouvir sugestões de mudanças e melhorias para a plataforma”, informou na nota.

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