Uma gravação exibida na quarta-feira, 15, pelo telejornal SBT Brasil indica que os seis policiais militares investigados por participação na morte de um menino de 10 anos com um tiro na cabeça, no dia 2, desobedeceram ordens do Centro de Operações da Militar de São Paulo (Copom). A ordem teria sido para evitar o confronto.
O telejornal obteve imagens de câmeras de segurança que mostram a fuga dos dois meninos após furtar um veículo em um condomínio de classe média na zona sul da capital. A presença de uma criança ao volante chega a assustar pessoas que passavam pelo local.
As imagens finais mostram momentos após o veículo ser parado. É quando o garoto que sobreviveu, de 11 anos, é tirado do carro por PMs e arrastado até longe do colega. O SBT Brasil mostra, porém, que a abordagem não seguiu o roteiro previsto pelo Copom. O telejornal obteve áudios que expõem a conversa entre os PMs envolvidos na ação e o comando. “Jogou pra cima, Copom! Jogou pra cima!”, diz um dos agentes durante a perseguição.
De acordo com especialistas ouvidos, o jargão indicaria um tiroteio. Na primeira versão da fuga, dada tanto pelos militares quanto pelo garoto que sobreviveu, é relatado que o menino que morreu teria disparado três vezes contra a viatura. No entanto, o diálogo seguinte mostra que a ordem não era de parar o veículo furtado. “Cautela, viatura, mantenha distância. Evita o confronto!”, diz o atendente do Copom.
As imagens não permitem chegar a uma conclusão sobre o tiroteio. A Secretaria da Segurança Pública não comentou a reportagem do SBT, mas informou que todos os áudios, imagens e testemunhos estão sob investigação.
O menino de 11 anos, parceiro do garoto morto, disse, em um terceiro depoimento prestado, ter sido agredido e ameaçado antes de gravar um vídeo sobre o tiroteio. Em outra oitiva, chegou a dizer que o colega estava desarmado – para a família da vítima, o revólver teria sido “plantado” pelos policiais militares. O sobrevivente se encontra agora no programa de proteção de testemunhas.
O laudo pericial mostrou que as mãos do garoto morto continham rastros de pólvora, mas a luva que ele usava, não. O projétil que acertou a criança na cabeça saiu da arma de um dos policiais militares – e o vidro só teria uma marca de tiro, de fora para dentro.
Corregedoria
Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou na quarta-feira, 15, os policiais envolvidos na abordagem na Vila Andrade estão trabalhando na Corregedoria da Polícia Militar, órgão encarregado de investigá-los, em procedimento paralelo ao conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A Secretaria de Estado da Segurança Pública não deu detalhes sobre o motivo de envio para atuação na Corregedoria, onde os policiais prestam serviços administrativos. Os homens estão lotados no 16º Batalhão da PM, que atende a zona oeste e parte da sul, e começaram a trabalhar lá segunda-feira. O ouvidor das Polícias, Julio César Fernandes, achou “surpreendente” a decisão de pôr os policiais para dar expediente no órgão que os investiga.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.