Economia

Fazenda admite que governo terá de adotar novas medidas para elevar arrecadação

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, indicou nesta terça-feira, 19, em audiência pública no Senado, que o governo vai precisar adotar novas medidas para aumentar a arrecadação federal. Ele não especificou qual seria a proposta, nem se a estratégia passa por aumento de tributos, mas salientou que o foco estará nas despesas e também na receita.

De acordo com o secretário, o discurso polarizado entre a importância de cortar gastos e a defesa de aumento da arrecadação é uma fuga do verdadeiro debate. “O ajustamento das contas públicas demandará esforço nas duas direções”, afirmou.

Para o secretário, não dá para “simplesmente” cortar despesas, quando o País enfrenta uma queda de receita de mais de R$ 100 bilhões. “Não temos nem espaço no orçamento para cortar R$ 100 bilhões”, disse.

ICMS

De acordo com Dyogo Oliveira, para tentar destravar a reforma do ICMS, em momento de aperto nos caixas da União e dos Estados, o governo vai propor que o processo se dê em duas etapas. A ideia é que, num primeiro momento, seja feita a convalidação de incentivos fiscais concedidos pelos Estados. Na segunda fase, ainda sem prazo, seria feita a convergência das alíquotas estaduais.

Os projetos sobre o tema que tramitam no Congresso preveem o uso de um fundo de compensação pelos Estados que tiverem perdas com a reforma. O fundo seria, em parte, alimentado por recursos da repatriação de bens de brasileiros no exterior, que não seriam suficientes para atender toda a demanda. “As propostas atuais preveem que a União complemente esse valor ou que os próprios Estados tenham que arcar com essa diferença”, disse. “No momento atual, nem os Estados nem a União têm condições de arcar com essa perda temporária e isso deveria ser colocado para um prazo um pouco mais adiante”.

Na primeira etapa, da convalidação, os Estados precisariam revelar todos os incentivos para aprovação no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Uma vez reconhecidos, de acordo com o secretário, esses benefícios teriam um prazo determinado de duração. “Esse mecanismo permitiria, no momento imediato, a redução do risco jurídico”, disse.

Para que os Estados mantenham a capacidade de implementar suas políticas, o Fundo de Desenvolvimento Regional, também alimentado por verbas da repatriação, seria disponibilizado. “Os Estados teriam acesso primeiro ao Fundo de Desenvolvimento Regional, porque se extingue a guerra fiscal e eles teriam esse instrumento”, explicou.

Somente depois desse processo, com prazo ainda em estudo, seria efetivada a unificação das alíquotas de ICMS. “Não desistimos da reforma do ICMS, pode e continuará sendo debatida”, disse.

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