A área técnica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) prevê um aumento da taxa de juros pelo Banco Central na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 19 e 20 de janeiro. Além disso, analistas do banco apostam que a nova equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, adotará medidas de incentivo a fim de evitar uma queda muito brusca do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
A avaliação consta no documento “Projeções APE”, produzido pela Área de Pesquisa Econômica do BNDES. Classificado como “reservado”, o documento com nove páginas foi obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Logo no início do texto, os técnicos do banco rebaixam as previsões para o resultado do PIB. Em 2015, de queda de 3,1% para recuo de 3,38%. Para 2016, a previsão de retração passa de 2,3% para 2,8%. Mesmo assim, os números são melhores que o do mercado, que aposta em um recuo maior da economia, de 2,95% neste ano.
“A revisão tem por base o desempenho ruim do PIB no 3.º trimestre, a manutenção das incertezas políticas e a forte deterioração dos indicadores de mercado de trabalho, que tornam as perspectivas para a demanda doméstica bastante desfavoráveis. Por sua vez, a mudança na condução do Ministério da Fazenda cria perspectiva de que medidas de incentivo ao investimento se tornem mais presentes”, diz o documento do BNDES.
Sem dinamismo
Técnicos do banco de fomento avaliam que “o ambiente recessivo continua se agravando” no País, com “baixo dinamismo da indústria”, “contrações expressivas nos indicadores de varejo e de serviços” e “rápida deterioração do mercado de trabalho”.
A APE aponta a taxa de juros como um dos vilões desse cenário. “Esse panorama foi agravado pelo ciclo de aperto monetário”, diz o documento finalizado em 28 de dezembro de 2015.
A aposta do banco é de que o BC continuará firme no aumento de juros para tentar mostrar ao mercado que tem condições de fazer a inflação voltar para o centro da meta, de 4,5%, em 2017. “Mesmo com a atividade fraca, a inércia inflacionária, a deterioração das expectativas de inflação e a depreciação cambial ao longo de 2015 devem manter a política monetária em terreno contracionista, com nova elevação da taxa de juros em janeiro pelo Banco Central”, escrevem os técnicos do BNDES.
Na análise, a Área de Pesquisa Econômica faz também críticas diretas ao Banco Central, presidido por Alexandre Tombini. “Não acreditamos que o BCB (Banco Central do Brasil) deveria elevar a taxa Selic nas próximas reuniões. Primeiro, porque o hiato do produto, hoje negativo, deverá se tornar ainda mais negativo em 2016. Subir juros nesta situação pode trazer mais custos do que benefícios, dada a elevada inércia inflacionária na economia brasileira. Além disso, novos apertos monetários tendem a se mostrar pouco eficazes no combate à inflação”, diz o documento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.