A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) deu a largada nas demissões na usina de Volta Redonda, no sul fluminense. Pelo menos 400 pessoas já foram desligadas no chão de fábrica desde a última sexta-feira, segundo fontes. O movimento deve continuar ao longo desta semana. Preocupado com o impacto para a região, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, tenta intervir para frear os cortes, que podem atingir três mil trabalhadores da empresa.
Nesta segunda-feira, 11, Pezão recebeu sindicalistas no Palácio Guanabara, no Rio. O governador ligou para o diretor executivo Corporativo da CSN, Paulo Caffarelli, pedindo que a companhia avaliasse a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) do governo federal, uma das reivindicações do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense. Caffarelli é ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda do governo Dilma Rousseff. Ele se comprometeu a levar o assunto ao presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, mas fontes próximas à companhia avaliam que dificilmente a solução do PPE, já adotada por empresas como a montadora MAN, em Resende (RJ), emplacará. Segundo a assessoria do governador a CSN estaria disposto a rever o número de demissões.
Pezão também acionou o ministro do Desenvolvimento e Indústria, Armando Monteiro, pedindo apoio do governo federal para incentivar a indústria local. O ministro esteve nesta segunda-feira, 11, com a presidente Dilma para discutir a crise do setor siderúrgico e prometeu incluir o caso CSN na pauta. Em meio à falência financeira do Estado, o governador defende a manutenção de empregos como uma das saídas da crise econômica. “O que movimenta e aquece a economia são os empregos”, disse no encontro, em que afirmou que negocia a instalação de quatro novas empresas no Estado, com geração potencial de duas mil vagas.
Diante da crise do setor siderúrgico os sindicalistas sabem que é impossível evitar demissões, mas tentam buscar soluções junto às várias esferas de governo para amenizar esse quadro. Segundo Carlos Santana, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, outras propostas são a adoção de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) ou do regime de layoff (suspensão temporária de contratos). “Não concordamos com as demissões ou perda de direitos e vamos buscar caminhos para brecar isso”, diz. Santana admite que nos 35 anos em que trabalhou na empresa nunca viu um momento tão crítico. O sindicato enviou um ofício à CSN pedindo a retomada das negociações.
A estimativa do sindicato é de que 3 mil funcionários deverão ser dispensados pela siderúrgica com o desligamento do alto-forno 2 da Usina Presidente Vargas e que o valor dos contratos com fornecedores seja reduzido em 35%. A CSN não confirma os números, nem definiu se desligará o equipamento ou se adotará uma parada temporária para manutenção, para depois reavaliar as condições de mercado. Por enquanto o equipamento continua operando e os cortes foram feitos para reduzir custos de maneira geral. A capacidade instalada de produção da CSN é de 5,6 milhões de toneladas por ano e o alto-forno 2 responde por 30% dela.