A demanda por viagens aéreas na América Latina deve ser reduzida nos próximos meses com o anúncio, feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de que o surto de casos de microcefalia em regiões com registro de zika vírus é de emergência internacional. A afirmação foi feita na quinta-feira, 4, pela agência de classificação de risco Moodys. A medida, no entanto, não deve ter impacto sobre o rating das empresas aéreas.
Em relatório, os analistas Jonathan Root, Robert Jankowitz, Cristiane Spercel e Sven Reinke, da Moodys, avaliam que o fato do zika vírus não ser transmitido pelo ar é um dos fatores que limitam o potencial de impacto negativo ao crédito do setor aéreo. Além disso, os analistas ainda destacam que a infecção causa problemas sérios de saúde num número relativamente pequeno de pessoas.
Outro fator que mitiga o risco às aéreas, segundo a equipe da Moodys, é a possibilidade de que muitos viajantes a lazer que cancelarem os voos para a América Latina escolham destinos alternativos. Finalmente, os analistas destacam que os destinos latino-americanos respondem por uma porção relativamente pequena do total de voos das principais companhias aéreas.
“Apesar de uma queda potencial no volume de passageiros, a magnitude do declínio não irá afetar de maneira significativa o desempenho financeiro da maioria das companhias aéreas, a ponto de pressionar o perfil de crédito das empresas”, resumiu a agência.
Gol e Latam
Para a Moodys, a Gol (B3, negativo) e a LATAM (Ba2, estável), por meio de sua subsidiária TAM, serão as mais expostas aos riscos de demanda ligados ao zika, uma vez que grandes porções de suas respectivas redes são localizadas no interior da zona de impacto, especialmente no Brasil.
Segundo a Moodys, uma possível queda na demanda causada pelo zika vírus iria agravar o cenário atualmente verificado no Brasil para as aéreas, com uma queda na demanda de passageiros causada pela atividade econômica fraca e pela desvalorização do real.
A agência de rating estima que o zika não deve afetar o turismo durante o carnaval. No entanto, o impacto sobre outros grandes eventos em 2016 ainda é desconhecido. “O governo brasileiro espera que cerca de 350 mil pessoas visitem o Rio durante a Olimpíada e a Paraolimpíada, em agosto e setembro. Quanto maior for número de infectados na região, maior será a probabilidade de que a demanda de passageiros seja prejudicada”, afirmou a agência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.