A aceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de 0,81% em junho para 0,86% na primeira leitura de julho levou o coordenador do indicador, Guilherme Moreira, a elevar a projeção de inflação no mês de 0,60% para 0,70%. A estimativa para o ano, no entanto, foi mantida em 6,50%.
Na primeira quadrissemana, os destaques foram os comportamentos de energia elétrica (3,71% para 3,22%), que respondeu por 0,11 ponto porcentual do índice; água e esgoto (4,53% para 5,14%), com 0,09 ponto de contribuição; e automóvel usado (3,54% para 3,24%), viagem e excursão (5,57% para 5,56%) e leite longa vida (5,58% para 5,33%), cada um com pressão de 0,06 ponto sobre o índice.
"O resumo do índice é este: energia vai continuar pesando, e Alimentação em breve vai voltar a pesar", afirma Moreira. "Os alimentos in natura ainda estão em queda (-5,08% para -3,68%), isso é o que segurou a taxa de Alimentação em 0,40%. Mas os industrializados (1,51% para 1,54%) e semielaborados (estáveis em 1,31%) continuam subindo muito, e essa seca está impactando muito o preço do leite."
O principal desvio em relação à projeção da Fipe, de IPC de 0,78% na primeira quadrissemana, veio, no entanto, do subgrupo de materiais para reparo do domicílio, segundo Moreira. O economista estimava aumento de 1,15% dos preços da abertura, mas a taxa efetiva, de 2,09%. "Isso pode indicar talvez um pouco de repasse de aumento de custos de produção, mas não dá para ter certeza", diz o analista.
Nas próximas leituras, Moreira espera algum alívio das taxas do grupo de Transportes (1,11% para 0,93%), puxado pelo arrefecimento dos preços dos combustíveis. O etanol (3,14% para 1,54%) teve deflação de 0,3% no critério ponta, que indica tendência. A gasolina (0,91% para 0,49%) também aparece em queda na ponta pesquisas recentes, de 0,07%.