Estadão

Deputados americanos pedem revogação de visto de Bolsonaro

Um grupo de 46 deputados americanos do partido democrata enviou uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedindo a revogação do visto do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que, desde o final do ano passado, está nos Estados Unidos. Os congressistas também pedem ao Departamento de Justiça que responsabilize outros envolvidos que possam ter "financiado e apoiado aos atos violentos do dia 8 de janeiro" em Brasília.

Na visão dos parlamentares que enviaram o documento, Bolsonaro, que embarcou para Orlando no dia 30 de dezembro, chegou aos EUA com um passaporte usado por autoridades governamentais ou diplomatas. "Como ele não é mais o presidente do Brasil ou atualmente exerce o cargo de oficial, solicitamos que reavalie sua situação no país para verificar se há uma base para sua permanência e revogar qualquer visto diplomático", diz o texto.

O ofício é encabeçado por Joaquin Castro, deputado democrata pelo Estado do Texas, que já pediu, em entrevista ao jornal britânico <i>The Guardian</i>, a extradição de Bolsonaro, "seja por crimes relacionados ao ataque do dia 8 de janeiro ou por outros crimes que ele pode ter cometido no cargo".

No último domingo, 8, manifestantes golpistas invadiram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto e cometeram atos de violência e vandalismo nas principais instalações dos Três Poderes nacionais.

Na missiva, os deputados relembram a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, quando morreram seis pessoas, e manifestam apoio ao povo brasileiro "enquanto se recuperam de um tempo desafiador em sua história democrática" e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Não podemos permitir que Bolsonaro ou qualquer outro funcionário de governo se refugiar nos Estados Unidos para fugir da Justiça por quaisquer crimes que eles cometeram enquanto estiveram no cargo e devemos cooperar inteiramente com qualquer investigação que o governo brasileiro em suas ações, se solicitado".

O presidente dos Estados Unidos se pronunciou ainda no domingo sobre os ataques golpistas em Brasília, os quais ele chamou de ultrajantes. Ainda na tarde do dia 8, o Secretário de Estado americano, Anthony Blinken, e o assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan, manifestaram preocupação.

Lula e Biden conversaram por telefone na segunda-feira. O americano condenou a violência e manifestou "apoio incondicional" às instituições e ao resultado das eleições vencidas por Lula, segundo comunicado conjunto. Eles confirmaram uma visita de Estado do presidente brasileiro a Washington no início de fevereiro.

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