O ministro da Economia, Sergio Massa, afirmou no domingo que as autoridades do país pretendem atuar nesta segunda-feira para conter a volatilidade nos mercados, após as eleições primárias (PASO) do fim de semana. A disputa foi vencida pelo deputado ultradireitista Javier Milei, com o grupo governista liderado pelo próprio Massa em terceiro, mas cenário ainda de equilíbrio entre três forças para as eleições de outubro.
O jornal <i>Ámbito Financiero</i> citava alguns analistas locais, segundo os quais a vitória de Milei pode significar pressão de alta extra para o dólar até a eleição. Leonardo Chialva, da Delphos, dizia que a vitória deve exacerbar a desconfiança gerada com o país em fundos do exterior. Ao mesmo tempo, o mesmo Chialva lembrava que o mau desempenho de Massa tende a agradar os mercados, que podem apostar por uma guinada mais à direita com Milei ou a segunda colocada nas primárias, Patricia Bullrich, da coalizão do ex-presidente Mauricio Macri.
O mesmo <i>Ámbito Financiero</i> lembrava algumas plataformas de Milei, como cortar pessoal no funcionalismo e parar de realizar obras públicas, deixando esse papel para o setor privado. O diário recordava que Milei já defendeu a dolarização da economia argentina, e também uma forte abertura econômica. O deputado é um crítico do Mercosul e chegou a falar em "eliminá-lo" caso chegue ao poder.
Segundo o <i>Cronista</i>, a vitória de Milei era um quadro de "cisne negro", o cenário menos esperado pelos mercados. Esse jornal afirma que as autoridades se preparavam para "sair com artilharia pesada" a fim de conter a volatilidade nos mercados nesta segunda-feira.
O <i>Clarín</i>, por sua vez, reportava que o quadro era de incerteza também para os empresários locais, diante do desempenho de Milei. O jornal destacou que lideranças empresariais se questionavam sobre quais podem ser as medidas de Massa para reagir ao quadro, com "intranquilidade sobre o que pode ocorrer com o câmbio".