O presidente da administradora de shoppings Aliansce, Renato Rique, acredita que o setor de shoppings está perto do saturação do modelo de empreendimento tradicional e regional, focado em oferta de lojas âncora e de vários segmentos do varejo. Durante participação em congresso de varejistas em São Paulo, o executivo avaliou que os empreendimentos que têm maior oferta de serviços de lazer, como restaurantes, cinema e parques, permitem mais oportunidades de crescimento.
“Não antevejo nos próximos anos perspectivas de crescimento como vinha acontecendo nos últimos anos, mas acredito que é possível explorar nichos que não estão sendo atendidos”, declarou. “O shopping regional, que é focado nas lojas âncora e é o modelo que mais estamos acostumados a ver, está perto da saturação em muitos mercados na minha visão”, disse.
Rique considerou que em anos anteriores o setor viveu um período de abundância de capital e, com isso, houve desenvolvimento de projetos inadequados. Para ele, o crescimento do segmento nos próximos anos estará atrelado a empreendimentos que promovam uma mistura de serviços que atraia as famílias para reuniões e não apenas para compras.
Já o presidente da Associação Brasileiro de Shoppings Centers (Abrasce), Glauco Humai, minimizou as preocupações em torno de uma saturação de shoppings centers no mercado brasileiro, mas afirmou que há um excesso de projetos ruins. Para ele, o mercado nacional ainda tem espaço para crescer, principalmente, se comparado a países desenvolvidos e algumas nações em desenvolvimento.
De acordo com o executivo, o setor passou por um processo de amadurecimento nos últimos anos e há uma concorrência mais qualificada atualmente. “Vinte anos atrás, se fosse construída uma caixa preta, sem nada, o shopping iria estourar. Mas hoje se não fizer um projeto com custo baixo, acesso agradável, mix adequado de lojas, o shopping vai fracassar”, disse.
Esse movimento, para o presidente da instituição, é algo saudável, pois deixa as empresas mais preparadas para a concorrência. O executivo apontou que, nos últimos anos, o crescimento dos shoppings está descolado do varejo. “Shopping está dois ou três níveis acima do varejo como um todo”, disse.
Para Rique, muitos empreendimentos foram feitos em mercados que já estavam bem servidos, por isso houve uma tendência de fracasso para alguns. O executivo afirmou que o sucesso de um shopping depende das especificidades de mercado e de cidade. “Recomendo que o lojista sempre procure qual a condição de viabilidade de cada shopping”, afirmou.
Como exemplo, o executivo disse que foram observadas cidades com 200 mil habitantes que fizeram três shoppings centers simultaneamente. “Só tem um jeito de dar certo, fechar dois”, brincou. No entanto, ele ressaltou que os shoppings são uma alternativa natural de crescimento do varejo.