O diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fábio Silveira, considerou nesta terça-feira, 23, que o volume de crédito livre para os consumidores continua perdendo fôlego em termos nominais, refletindo o cenário recessivo da economia.
Em termos reais, descontada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Silveira disse que o crédito livre caminha para um resultado negativo este ano, na faixa de 4%. “Em termos reais, em abril, a taxa mostrava recuo de 3,2% e está perto de queda de 3,5%”, afirmou.
De acordo com o Banco Central, o crédito livre teve alta de 0,5% para pessoas físicas em maio, cresceu 0,8% nos primeiros cinco meses do ano e subiu 4,6% em 12 meses até maio (até abril, a alta era de 4,8%).
Segundo Silveira, pelos números, “fica claro” o movimento de contração do crédito e a consequente perda de fôlego das vendas do varejo, que neste ano devem fechar com recuo de cerca de 2%. “O varejo está fraco e a massa salarial, que estava subindo, deve terminar 2015 com declínio de aproximadamente 1%”, estimou.
A boa notícia, disse Silveira, é que a inadimplência segue relativamente sob controle, conforme os dados do BC. Segundo ele, o movimento, diferentemente do observado há alguns anos, sinaliza que o consumidor está mais cauteloso e consciente do risco que representa deixar de quitar suas dívidas. “Está fugindo do crédito face ao patamar de juros estratosféricos e à massa salarial, que está se contraindo, e ao desemprego que está subindo”, afirmou.