O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, avaliou nesta terça-feira, 23, que, em maio, manteve-se em expansão o mercado de crédito, mas em ritmo menor do que o de maio de 2014. Ele enfatizou que este comportamento do mês passado segue o padrão observado nos quatro primeiros meses do ano e que se verifica tanto no segmento de crédito livre quanto no de direcionado. “O crescimento do crédito mostra arrefecimento”, constatou.
Maciel registrou que o crescimento moderado do mercado de crédito ocorre em um ambiente de elevação da taxa básica de juros, a Selic. Atualmente, essa taxa está em 13,75% ao ano, após ter sofrido elevações contínuas desde outubro do ano passado, logo após a definição da eleição presidencial.
O técnico lembrou que maio costuma ser um mês melhor para comércio, com a comemoração do Dia das Mães, o que afeta as operações de cartão de crédito à vista. Para ele, no entanto, a tendência é de desaceleração do crédito direcionado, principalmente às empresas. “Isso se deve a uma queda no volume de concessões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)”, disse.
O movimento do câmbio no mês passado, de acordo com o chefe de Departamento, afetou os dados de financiamento no mês passado, já que a desvalorização contribuiu para essa reação na margem no crédito, segundo ele.
Maciel comentou também que o crédito para setor imobiliário, carro chefe do segmento direcionado, mantém a tendência vista desde 2010, de moderação ano a ano, mas que segue com taxas expressivas de crescimento, acima de 20% na base de 12 meses. Ainda ao traçar um quadro geral para o mercado de crédito, ele salientou que, no caso da inadimplência, verificam-se taxas praticamente estáveis, com uma reação na margem no caso de crédito livre.
Ajuste macroeconômico
Maciel afirmou que os ajustes pelos quais a economia vem passando, além do menor ritmo da atividade econômica, têm afetado o ritmo do crédito no País. “O comportamento do mercado de crédito segue o ajuste macroeconômico em curso”, disse. Segundo ele, há uma maior restrição ao crédito, tanto da oferta quanto na demanda.
Maciel explicou ainda que para as empresas, nove modalidades de crédito apresentaram retração e oito avanço. As que cresceram foram as que estavam associadas ao câmbio, como ACC (+3,8% no mês), financiamento de importações (+2,6%) e repasse externo (+5,2%).