Opinião

ANTES DO MAIS MÉDICO, QUE TAL UM ‘MAIS GOVERNO’?

Confira o artigo do jornalista Ernesto Zanon que trata das distorções do programa Mais Médicos do governo federal

Tem impressionado a forma como o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o candidatíssimo petista ao governo de São Paulo, conduz o pirotécnico programa Mais Médicos, anunciado pelo Planalto como uma resposta às ruas. É evidente que o fim maior não é melhorar a vida das pessoas, oferecendo saúde de qualidade à população que mais precisa. A finalidade não é outra que trazer médicos estrangeiros para o Brasil.

Isso ficou evidente na satisfação demonstrada por Padilha em entrevista concedida na última terça-feira. Em vez de lamentar o “duvidoso” baixo interesse de médicos pelas cidades que mais precisam, ele vibrava. Dizia que agora não haverá outra forma que não trazer os mais do que suspeitos profissionais estrangeiros.

Vale frisar que há denúncias bem embasadas que partem do Conselho Federal Medicina, órgão maior que disciplina o exercício na profissão no Brasil, sobre problemas no preenchimento dos requerimentos pelos médicos interessados no programa. O ministro candidato dá de ombros, como se tudo fosse lindo e maravilhoso. Afinal, agora, ele seguindo a cartilha e o projeto de poder de seu partido, poderá aparelhar as periferias das grandes cidades e municípios carentes com companheiros formados em países parceiros, como Cuba.

Não bastasse essa postura, chama a atenção o fato de o governo federal não querer, de forma alguma, que esses médicos estrangeiros – mesmo que fossem necessários, o que ainda não ficou provado – passem por um exame para provar sua capacitação no Brasil. Esse ponto fica fora de qualquer debate promovido pelo ministro candidato, que tenta manipular a opinião pública como se tivesse uma fórmula mágica para resolver um problema que o governo de se partido não teve capacidade de sanar em dez anos à frente do Palácio do Planalto.

Outra questão que fica em segundo plano talvez seria muito mais importante neste momento. Os médicos sozinhos não farão milagres. Não precisa ir longe. A periferia de Guarulhos não conta com a estrutura necessária para receber a população, já que os postos de saúde, aqui chamados de UBS, não contam com a infraestrutura mínima para bem atender quem precisa. Não há médicos, nem pessoal devidamente capacitado. Não há materiais para um atendimento digno. Não há segurança tanto para os profissionais como para os pacientes. A realização de exames é demorada.

 

Ou seja, antes de Mais Médicos, precisamos mesmo é de Mais Governo. 

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