Opinião

FARINHAS DE SACOS BEM DIFERENTES

Confira artigo do jornalista Ernesto Zanon sobre as denúncias contra governadores de São Paulo

Desde que as denúncias sobre a formação de cartéis que envolvem obras dos governos no Estado de São Paulo se tornaram públicas, uma série de asneiras e conclusões precipitadas se espalharam tanto pelas redes sociais como pela própria mídia, que há bastante tempo é acusada de trabalhar contra o governo federal. Desta vez, ocorreu exatamente o contrário. Sem, em momento algum, provas serem apresentadas, políticos do PSDB, o principal partido de oposição no Brasil, foram achincalhados das mais diferentes formas.

 

Por mais de dez dias, ataques de todos os lados que colocaram em dúvida a seriedade de políticos considerados intocáveis, como o ex-governador de São Paulo, Mario Covas. O atual vereador paulistano, também do PSDB, Andréa Matarazzo, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, que passou despercebida por grande parte da imprensa, revelou como dói tantos ataques sem fundamento. Disse que as acusações contra ele, que constituiu sua vida fora da política, são injustas. Em determinado momento, afirmou: “Se atacam um malandro, ele não liga. Mas quando atacam alguém sério como eu, é lamentável”. E finalizou declarando estar arrasado.

 

Até o próprio ex-presidente Lula (PT) chegou a declarar para que seus companheiros fossem devagar com o andor, já que condenar sem provas era temerário demais. Chegou a citar que seu partido passou por isso recentemente durante o episódio do Mensalão. No entanto, naquele caso, os líderes do partido acabaram condenados pela mais alta corte do país. Mesmo assim, despreparados – ou desesperados – políticos foram às pedras sem se preocupar que também são vidraças.

 

Tanto é assim que, baixada a poeira de tanto disse-que-me-disse, a própria mídia que tanto atacou semanas inteiras começou a entender que os cartéis beneficiaram as empresas. Que esses grupos agiram sim nos governos do PSDB de São Paulo. Mas também são os mesmos que mantiveram as mesmas práticas em administrações do próprio PT. O governo federal, há dez anos com o partido, tem diversos contratos com as mesmas empresas. No meio do tiroteio, ainda surge uma grave denúncia – essa sim dando nome aos bois e envolvendo diretamente políticos que estão ligados ao poder –  sobre desvios na Petrobras.

 

Infelizmente, muita gente não lê uma notícia além do título ou da segunda linha do texto e tira conclusões precipitadas. Desta forma, muita gente prefere acreditar que político “é tudo farinha do mesmo saco”. Talvez fosse este o principal objetivo dos ataques ao PSDB. Nivelar todos por baixo. Pelo jeito, até o momento a estratégia deu certo. Mas o possível avanço nas investigações poderá significar um grande tiro pela culatra por parte de quem condenou sem provas. Aí se perceberá que os sacos da farinha são bastante diferentes. 

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