Economia

Austin: bancos mantêm cautela na concessão de crédito

Os dados do crédito divulgados pelo BC nesta sexta-feira, 26, voltam a mostrar um ambiente de cautela nas concessões e preservação da rentabilidade por meio da concentração em linhas e clientes de menor risco por parte dos bancos, avalia o analista de bancos da Austin Ratings, Luiz Miguel Santacreu. “As estatísticas mensais têm sido um pouco mais do mesmo”, observou.

Para Santacreu, o cenário econômico de baixo crescimento e inflação em alta, somado à expectativa com as eleições, está afetando os volumes de crédito, mas ele não considera que o crescimento no acumulado do ano seja de todo ruim.

De acordo com os dados divulgados hoje pelo Banco Central, o estoque de operações de crédito do sistema financeiro subiu 5,5% no acumulado do ano até agosto e 11,1% em 12 meses. Em agosto avançou 1% em relação a julho, alcançando R$ 2,864 trilhões.

Santacreu destaca que o estreitamento do spread em agosto é um dos indícios da seletividade dos bancos nas concessões, primando pelos melhores clientes e pelas linhas onde as taxas de inadimplência são menores. “O controle do spread tem o efeito positivo sobre a inadimplência e consequentemente nas provisões, dessa forma, os bancos conseguem assegurar rentabilidade e lucro”, disse.

Os números do BC mostraram uma queda do spread médio no crédito total (livre + direcionado) de 13,1 ponto porcentual em julho para 12,7 em agosto.

Ele considera importante observar ainda que, embora os bancos públicos sigam concedendo mais crédito do que os privados, existe uma tendência de convergência nos spreads. “Os bancos públicos têm por definição taxas de juro mais baixas, mas melhoraram os spreads de linhas nas quais lá atrás haviam reduzido agressivamente para ganhar mercado”, notou.

De qualquer forma, os bancos públicos acumulam expansão no estoque de crédito em 12 meses até agosto muito superior à dos bancos privados, com crescimento de 16,2% contra 6,3% dos bancos privados. Em agosto o aumento foi de 1,1% em relação a junho no crédito dos bancos públicos e de 1% entre as instituições privadas.

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