O Brasil precisa caminhar duas vezes mais rápido do que o ritmo atual para cumprir as metas de melhorar a infraestrutura logística nos próximos dez anos, e isso inclui uma maior participação do setor privado, ao mesmo tempo em que os recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) serão importantes para tirar os projetos do papel, afirmou o gerente setorial de Transporte e Logística da instituição de fomento, Dalmo Marchetti, nesta terça-feira, 14. Isso não quer dizer, contudo, que a instituição deverá ser a única fonte desses recursos.
“Vamos precisar de novos atores no funding da infraestrutura. Tanto o mercado de capitais quanto o investimento privado e o investimento externo serão parceiros da atuação do BNDES, porque o nosso desafio é muito grande. É um desafio que precisa de equacionamento de recursos e de velocidade durante um prazo longo”, disse ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, após palestra no 20º Fórum Internacional Supply Chain, promovido pelo instituto de logística ILOS, no Rio.
Marchetti afirmou que o governo precisa criar mecanismos para atrair o capital externo. Ele evitou falar, contudo, sobre uma possível redução do papel da instituição pública nesse setor no futuro. “Hoje, o grande tomador de crédito em infraestrutura no BNDES é a iniciativa privada, através dos processos de concessão nos setores de energia e transporte”, explicou Marchetti. “A partir do momento que a própria participação do setor privado vai ter de aumentar no investimento em infraestrutura, esse papel do BNDES vai ser fortalecido no futuro, no financiamento aos concessionários. Tanto na modernização dos ativos já existentes quanto na construção dos novos ativos de infraestrutura de que o País precisa.”
De acordo com o gerente, as incertezas de empresários percebidas atualmente não têm afetado a demanda pelo setor de infraestrutura do BNDES, que conta com grande estoque de projetos e busca por crédito. “Não temos sentido, na área de infraestrutura, redução no nível do investimento, pelo contrário. A perspectiva é de manutenção da taxa de crescimento.”
No curto prazo, porém, ele não negou um efeito do ambiente econômico sobre as consultas das empresas ao banco. Mesmo assim reforçou a expectativa de expansão nos desembolsos para o setor de infraestrutura. “No ano passado, fechamos com aproximadamente R$ 28 bilhões e temos perspectiva de chegar em 2017 com R$ 40 bilhões (ao ano) de financiamento”, disse Marchetti.