Estadão

Bolsas de Nova York avançam, de olho em guerra na Ucrãnia e petróleo

As bolsas de Nova York fecharam em alta robusta nesta terça-feira, com investidores atentos aos desdobramentos da guerra na Ucrânia e o forte recuo nos preços do petróleo, que voltaram a operar abaixo de US$ 100 por barril no mercado futuro, aliviando parte da pressão sobre expectativas inflacionárias. O movimento no mercado acionário ocorre ainda na véspera da decisão que deve marcar a primeira alta de juro do Federal Reserve (Fed) desde o início da crise do coronavírus.

O índice Dow Jones terminou a sessão com avanço de 1,82%, aos 33.544,34 pontos, o S&P 500 acumulou alta de 2,14%, aos 4.262,45 pontos, e o Nasdaq fechou com ganho de 2,92%, aos 12.948,62 pontos.

Estrategista líder de portfólio da Natixis Investment Managers Solutions, Jack Janasiewicz cita em comentário à <i>Dow Jones Newswires</i> que há uma "correlação negativa" no mercado, em que a alta do petróleo tende a provocar perdas no mercado de ações, e vice-versa. "Se o petróleo baixar aos níveis anteriores à invasão da Ucrânia pela Rússia, isso nos dará um pouco mais de confiança de que a inflação não está fugindo do controle e tornando as coisas mais difíceis para o Fed", avalia o economista.

Na quarta-feira, o BC dos EUA deve iniciar o ciclo de alta de juro com um aumento de 25 pontos-base na taxa dos Fed funds, ao patamar entre 0,25% e 0,50% ao ano, segundo estimam analistas consultados pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Ainda sobre o BC, a economista Sarah Bloom Raskin decidiu retirar sua candidatura ao cargo de dirigente do Fed, após oposição republicana. Segundo o presidente dos EUA, Joe Biden, ela foi alvo de "ataques infundados".

Mais cedo, o mercado acionário em Wall Street foi impulsionado pela perspectiva de retomada das negociações russo-ucranianas por um acordo que encerre de forma pacífica o conflito no Leste Europeu. Segundo o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, as conversas continuariam nesta terça. Durante o dia, no entanto, não houve sinais de avanço significativa nas tratativas.

Também deu força às bolsas o avanço um pouco abaixo do esperado do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) americano em fevereiro, que subiu 0,8% ante janeiro.

A avaliação da Oxford Economics não segue o otimismo do mercado ao olhar para o dado. "A inflação na origem está mostrando poucos sinais de desaceleração no curto prazo, especialmente porque a guerra causa estragos nos mercados de energia. Os custos mais altos de insumos manterão os preços ao produtor frustrantemente elevados e continuarão a apertar as margens de lucro, provavelmente alimentando os preços ao consumidor até que as tensões da guerra desapareçam e a demanda de bens se acalme", prevê a consultoria em relatório.

Entre ações individuais, se destacaram nesta terça companhias aéreas como United Airlines, American Airlines e Delta Air Lines, com avanços entre 8% e 9%. Amazon (+3,89%), Microsoft (+3,87%) e Apple (+2,97%) também tiveram bons desempenhos. As petroleiras Exxon Mobil e Chevron, por outro lado, acompanharam o recuo da commodity energética e terminaram o dia com perdas de 5,69% e 5,06%, respectivamente.

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