Os três grandes bancos privados brasileiros são as apostas mais certeiras na corrida para a compra do HSBC no Brasil. Cada um deles tem algo a ganhar com o banco, seja em rentabilidade, seja em escala, seja no avanço em participação de mercado. Todos eles também terão ganhos com sinergias. Além disso, pode ser uma saída para os bancos empregarem capital e, assim, terem mais retorno, em um cenário de escassez de crédito.
Se para os bancos essa é uma boa oportunidade, a sinergia de custos também tende a gerar demissões quando o processo for concluído e os clientes perdem uma das poucas opções que ainda têm de escolha para fugir dos “bancões”. Em alguns casos, se forem clientes do HSBC e de um dos potenciais compradores, empresas e pessoas físicas poderão até mesmo perder um dos limites de crédito.
Em relatório do Credit Suisse, divulgado na terça-feira, 9, a clientes da instituição, o candidato mais forte à compra é o Bradesco, dada a combinação de uma forte base de capital, menor sobreposição de negócios e uma estratégia focada em continuar crescendo no Brasil. Quem tem mais dinheiro para gastar na compra é o Itaú, algo entre R$ 11 bilhões e R$ 17 bilhões. Mas, dos três candidatos, o Itaú é considerado o azarão pelo Credit Suisse, já que a compra do HSBC vai contra sua estratégia de crescer internacionalmente e também por ser a instituição com maior sobreposição de negócios.
Quem corre na fila do meio é o Santander. O banco teria até R$ 11 bilhões para gastar na operação, ganharia em rentabilidade, mas tem uma base de capital mais fraca. Se considerado o valor patrimonial do HSBC no fim de 2014, o banco valeria algo em torno de R$ 10 bilhões. “No histórico de fusões e aquisições bancárias na América Latina, normalmente se paga 1,5 ou 2 vezes esse valor patrimonial”, diz Antonio Toro, sócio da consultoria e auditoria PwC. “Mas estamos em um ponto de baixa e não se imagina que alguém vá pagar mais do que uma vez.”
A conta feita pelo Credit Suisse leva em conta as novas exigências de capital que serão feitas aos bancos em 2019, no que é chamado de Basileia III. Cada instituição precisa manter um porcentual mínimo de capital comparado com a concessão de crédito. Essa exigência garante a liquidez da instituição.
Demissões
Outra conta feita pelos analistas do Credit Suisse foi a sinergia de custos. Na média, os três bancos teriam algo em torno de R$ 4,5 bilhões de custos que seriam reduzidos da operação atual do HSBC. Cerca de 13% da combinação das bases de custos dos bancos. Na prática, isso significa que o comprador poderá cortar custos com tecnologia, contabilidade, pessoal, transportadoras de valores que hoje operam com o HSBC. Ou seja, existe uma forte tendência de demissões. “Só seria diferente se um banco estrangeiro comprasse o ativo, como fez o próprio HSBC quando comprou o Bamerindus”, diz o sócio da PwC.
Hoje, o HSBC possui pouco mais de 20 mil funcionários, 853 agências bancárias espalhadas pelo País e milhões de clientes. Ontem, o banco informou que não haverá demissões no Brasil por conta do processo de venda que foi anunciado pela matriz da empresa.
Mas a partir da conclusão da venda, o sindicato terá de negociar programas com o novo dono do banco para evitar demissões, segundo a vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo a Financeiro, Juvândia Moreira. Ela lembra por exemplo que a união do Itaú com o Unibanco, que levou anos para ser concluída, resultou em cortes de cerca de 18 mil funcionários. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.