Opinião

Brasil passará imune à crise?

A crise internacional, que causa sérios problemas neste momento a importantes países principalmente da Europa, causará estragos menores no Brasil. Quem acredita nessa possibilidade é ninguém menos que a  presidente Dilma Rousseff. Na segunda-feira, em evento realizado no Rio Grande do Norte, ela afirmou que a política fiscal, o controle da inflação, a distribuição de renda e a geração de empregos são os fatores responsáveis pela “blindagem” do Brasil neste momento de crise econômica internacional.


A presidente vai além. Para ela, o país tem poupança suficiente para suprir as empresas brasileiras de crédito em caso de escassez de recursos no mercado internacional, se referindo as reservas internacionais (US$ 350 bilhões) e os recursos depositados no Banco Central. “Diante da crise, temos todas as chances de continuar crescendo, por que o Brasil amadureceu economicamente. Somos um país que sabe crescer, manter a estabilidade, não sai por aí feito louco se endividando lá fora, como se fazia antes. Temos a inflação progressivamente caminhando para o centro da meta, uma política fiscal séria. O Brasil tem também um processo de distribuição de renda, talvez o maior responsável pela nossa blindagem em relação ao exterior”, disse em São Gonçalo do Amarante, onde esteve para assinar o primeiro de concessão à iniciativa privada de um Aeroporto.


Dilma, tal qual Lula no início da crise de 2008, quando se referiu à crise que aterrorizou os Estados Unidos a uma marolinha que mal chegaria por aqui, tenta – por meio de discursos – mostrar que o Brasil pode passar imune a mais uma tempestade. Porém, apesar de toda boa vontade demonstrada, os setores produtivos, diante das altas cargas tributárias e dificuldades para concorrer com produtos manufaturados que vêm dos países asiáticos, pensam um pouco diferente.


Muitas empresas ainda não conseguiram se refazer da crise de 2008 e já enfrentam sérias dificuldades para manter suas contas em dia e – pior – os empregos diante da instabilidade na Europa. É muito bonito dizer que o Brasil passará ileso, mas preocupa muito perceber que a iniciativa privada não tem essa mesma certeza, justamente por perceber que o buraco é muito mais embaixo do que enxerga nossa presidente. Talvez, mais do que as palavras bonitas, o governo deveria propor medidas eficazes para que nossas empresas não sucumbam. Sem elas, o Brasil não terá essa vida fácil propagado por Dilma.

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