O cadastro positivo, que registra informações de bons pagadores e é coordenado por birôs de crédito, não deixará de ser útil após a criação da gestora de inteligência de crédito (GIC), liderada pelos cinco maiores bancos brasileiros, de acordo o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal. “Discordo que os bancos não se envolveram muito com o cadastro positivo. A GIC e o cadastro positivo são complementares”, afirmou ele, em coletiva de imprensa, no período da tarde desta quinta-feira, 21.
De acordo com Portugal, quando da criação do cadastro positivo, 80 bancos se associaram ao sistema. Nesta quinta, esse número saltou para 126. Afirmou ainda que a nova empresa, que terá controle compartilhado por Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Santander e Caixa Econômica Federal, poderá trabalhar em paralelo, compartilhando informações com os birôs de crédito e também por meio da venda de informações.
A GIC, em estudo há mais de dois anos pelo setor, segundo o presidente da Febraban, irá, além do cadastro positivo, atuar com cadastro de consumidores adimplentes, inadimplentes, serviços de proteção à fraude. Portugal disse que o objetivo da nova empresa é reduzir a inadimplência e ampliar a oferta de crédito no futuro. Nos Estados Unidos, por exemplo, informou ele, houve redução de 40% nos calotes após a implantação de uma iniciativa que compila informações de bons pagadores.
O presidente da Febraban afirmou ainda que a GIC também contribuirá para melhorar a competição e a qualidade das informações no segmento. Ele disse que a presença de bancos neste setor é comum ao redor no mundo, citando, por exemplo, a Alemanha.
No passado, chegaram a ter participação na Serasa, posteriormente, vendida ao grupo britânico Experian. Há cerca de três anos, a cláusula de não competição incluída no contrato da transação terminou e o birô, conforme Portugal, já havia sido informado sobre o desejo dos bancos de voltarem ao segmento. Foi, inclusive, uma das 20 empresas que participaram do processo de seleção feito para o lançamento da GIC.
A expectativa, de acordo com ele, é que a estrutura legal da empresa esteja concluída em um ano e a nova companhia esteja operacional em cerca de quatro anos. Tanto o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) quanto o Banco Central serão consultados, conforme Portugal, para concederem aval para a nova empresa.
Cada um dos bancos que terão o controle da GIC terá 20% do capital social da gestora, que também contará com um conselho de administração, composto por membros indicados pelas instituições. Os executivos, entretanto, terão dedicação exclusiva ao negócio da GIC.
A conclusão da operação está sujeita à celebração de contratos definitivos entre os bancos, bem como ao cumprimento de determinadas condições precedentes, incluindo a aprovação das autoridades regulatórias competentes.