Opinião

Contra a superlotação em todos os meios de transportes

Coincidentemente (ou não), no mesmo dia em que a mídia divulga que o Supremo Tribunal de Justiça manteve as liminares que permitem aos perueiros (permissionários do transporte alternativos), que ficaram de foram no novo sistema, de continuar atuando em Guarulhos, à revelia do que pretendia a Prefeitura, fiscais da Secretaria de Trasnportes e Trânsito (STT) foram as ruas para fazer valer a lei. Sem poder tirar as peruas do sistema, finalmente – depois de 15 anos que elas circulam livremente pelos quatro cantos da cidade – a Prefeitura decidiu que nenhum passageiro pode mais andar em pé dentro das vans.


 


Do ponto de vista da segurança dos passageiros, a ação da fiscalização deve ser aplaudida de pé. Afinal, é evidente que a forma como os transportadores alternativos agem ferem qualquer regra de trânsito vigente no país. Nesses 15 anos em que circulam na cidade, era cena comum avistar as vans superlotadas. Em horários de maior movimento, nos veículos maiores, até 40 pessoas se espremem dentro do coletivo onde deveriam ir no máximo 20. Coibir tal tipo de atitude é dever da municipalidade. Afinal, proteger a vida da população é uma das funções do Estado.


Porém, questiona-se se a ação dos fiscais da STT figura apenas como uma represália aos perueiros amparados pela Justiça, em um momento mais do que crítico para a municipalidade. O prefeito Sebastião Almeida (PT) havia depositado todas suas fichas para reconquistar bons índices de popularidade na implantação do Bilhete Único. Mas a instalação do novo sistema de transporte se tornou um grande furo nágua para a atual administração. A reprovação da população é evidente. A cidade não estava preparada para as mudanças impostas da noite para o dia sem a devida comunicação.


 


Erros de avaliação de quem projetou o sistema aliados a uma comunicação muito mal feita culminaram em reprovação geral. De modo geral, a adoção do Bilhete Único não trouxe melhoria alguma aos passageiros. Quem utilizava um só veículo para chegar a seu destino hoje precisa usar até três, gastando muitas vezes o dobro ou até mais do tempo.


 


Neste sentido, as lotações – agora proibidas de trafegar com excesso de passageiros – ao lado dos ônibus intermunicipais se tornaram quase que uma válvula de escape para muita gente que não se adequou ao novo sistema. Como se mantiveram nas linhas antigas, em percuros maiores, atraem muita gente que – diante de tanta dificulade – abre mão do Bilhete Único.


 


Espera-se que a STT não se renda a possíveis pressões, que podem vir de diferentes formas, e prossiga na fiscalização com o objetivo de garantir maior conforto e segurança aos passageiros. Mas que esse trabalho não se restrinja às lotações. Também os ônibus e micro ônibus, partes integrantes do novo sistema, devem ser igualmente fiscalizados, no sentido de inibir a superlotação ou outras práticas que vão contra os interesses da  população. Caso contrário, ficará a sensação de que tudo isso não passa de revanchismo. 

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