Estadão

Contra ameaça invisível não há chance de defesa

O perigo pode estar agora mesmo pronto para destruir um país. Invisível. Silencioso. A um toque de botão de despejar fogo mais quente que o calor do núcleo do sol sobre o alvo. Pessoas e prédios vaporizados, virando sombras apenas impressas no pouco que restar depois da onda de choque.

A devastação está contida em um tubo negro de metal de 170 metros de comprimento, parado debaixo da linha da água. Agora no Mar Negro, ameaçando cidades como Kiev e Kharkiv, os grandes submarinos russos da classe Borei, 24 mil toneladas de deslocamento, que levam a bordo 107 tripulantes e um poder apocalíptico: 16 mísseis Bulava, cada um deles com 6 cargas nucleares independentes – um inventário de 96 ogivas atômicas.

É a maior ameaça efetiva da mobilização dos batalhões de ataque estratégico determinada pelo presidente Vladimir Putin. Há ainda outros recursos nessas forças, como os mísseis balísticos intercontinentais e as bombas "inteligentes" que procuram as coordenadas de impacto, transportadas por aviões de vários tipos, além de mísseis menores.

Contra esses há a possibilidade de defesa, embora sejam ações difíceis e vulneráveis em certa medida. Contra o Bulava, não. Ele é lançado de seu casulo com o navio submerso, em um ponto qualquer, o mais próximo possível do objetivo. Com 12 metros de comprimento e 40 toneladas de peso, cobre até 9,3 mil km. Cada ogiva tem 150 kilotons de potência, 10 vezes mais que a da bomba que arrasou Hiroshima, no Japão, em agosto de 1945. Um kiloton equivale a mil toneladas de explosivos convencionais tipo TNT.

A Rússia tem quatro navios Borei. Um deles está em manutenção. Dos outros três não se tem notícias. O arsenal da Rússia soma 6.255 armas nucleares – aproximadamente 1.750 em condições de emprego imediato, segundo o Instituto de Pesquisa para a Paz de Estocolmo. Os EUA acumulam 5.550 armas, 1.700 em prontidão máxima. O grupo dos países com esse tipo equipamento tem na lista a China, com 350 unidades, França, com 290, o Reino Unido, com 225, Israel, com 200 – capacidade não assumida -, e a Coreia do Norte, que teria estocado entre 8 e 60 armas, número estimado pelas agências de inteligência da Coreia do Sul e do Japão.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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