O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta segunda-feira, 19, em São Paulo, que o Comitê de Política Monetária (Copom) entendeu, em sua última reunião, “que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado deve se mostrar adequada em sua próxima reunião”. O próximo encontro do colegiado ocorre em julho.
O comentário de Goldfajn, feito a uma plateia de investidores em evento do Bradesco, retoma ideia contida nas últimas comunicações do BC, inclusive a ata do encontro mais recente do Copom. “Naturalmente, o ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”, pontuou Ilan.
O presidente do BC voltou a afirmar ainda que a extensão do ciclo de corte de juros vai depender da evolução da atividade econômica, dos fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação para 2018 e 2019. Dependerá ainda, de acordo com ele, das estimativas da taxa de juros estrutural da economia – a taxa que, em tese, permite crescimento sem gerar inflação.
“O aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e de ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas”, disse Ilan Goldfajn. “Essas estimativas naturalmente envolvem incerteza e poderão ser reavaliadas ao longo do tempo.”
Ainda assim, ele afirma que o cenário atual prescreve a continuidade do ciclo de cortes de juros, “já considerando os atuais riscos em torno do cenário e as estimativas de extensão do ciclo”. A continuidade é possível em função das expectativas de inflação ancoradas, das projeções de inflação em torno da meta para 2018 e um pouco abaixo da meta para 2017, e do elevado grau de ociosidade na economia.
Ilan destacou ainda que o BC tem procurado comunicar “a racionalidade econômica que guia suas decisões, explicitando as condicionalidades que determinam a evolução da política monetária”. Isso, segundo ele, contribui para aumentar a transparência e melhorar a comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom).
O presidente do BC repetiu ainda a ideia de que a flexibilidade do regime de metas de inflação permite adequar a política monetária aos possíveis cenários prospectivos. Além disso, pontuou novamente que “não há relação direta e mecânica entre o aumento de incerteza e a política monetária”.