Estadão

Declarações de Colnago aliviam percepção de risco fiscal e taxas de juros caem

O mercado de juros operou em duas etapas nesta terça-feira. Pela manhã, subiram com os agentes digerindo a ata do Copom e pressionadas pela curva dos Treasuries. A partir do meio da tarde, houve alívio consistente do trecho intermediário em diante, atribuído às sinalizações do Ministério da Economia de resistência às investidas fiscais da área política em meio à escalada da inflação e dos preços dos combustíveis. Quanto à ata do Copom, a leitura não foi consensual, nem alterou o quadro de apostas de Selic, tanto que as curtas oscilaram o dia todo perto dos ajustes.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 12,935%, de 12,932% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 12,277% para 12,625%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa na mínima de 12,06%, de 12,211% na segunda-feira. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 11,87%, de 11,98%.

Na maior parte do dia, o mercado olhou para a política monetária, com a ata do Copom, e para o exterior, com a alta do rendimento dos Treasuries pressionando especialmente a ponta longa, a que mais viria a reagir no fim do dia às declarações do secretário de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago. Em entrevista para comentar o relatório bimestral de receitas e despesas, a postura de disciplina fiscal demonstrada pelo secretário soou como música aos ouvidos do mercado.

Na fala do secretário, a equipe da Renascença Política destaca a afirmação de que não há espaço no teto de gastos para aumentar o Auxílio Brasil e que o secretário considerou que hoje não há uma justificativa para a emissão de um crédito extraordinário, para turbinar o benefício.

O secretário disse ainda que o momento é de "aguardar" o efeito das medidas já anunciadas para conter a alta de combustível e não de adotar novas ações. "Não podemos adotar medidas desenfreadas, tem um custo para a sociedade. Gastos voltam para a sociedade, seja por alta de juros ou inflação", afirmou.

A pressão dos combustíveis decorre essencialmente da escalada dos preços do petróleo, que nesta terça oscilaram marginalmente e acabaram em segundo plano. O foco no exterior foram os títulos públicos americanos, com os yields das T-Notes de 2 e dez anos atingindo os maiores níveis desde 2019, por sua vez, afetados pelo aumento nas apostas de uma aceleração no ritmo de elevação do juro pelo Federal Reserve.

Por aqui, a ata do Copom não alterou significativamente o quadro de apostas para a Selic. Parte do mercado leu o documento como "dovish" e outra parte, como "hawkish", caso do Itaú Unibanco. A instituição elevou sua projeção para a Selic no fim do ciclo, de alta de 13% para 13,75% ao ano.

Na avaliação dos economistas do Banco Original, os cenários de inflação na ata voltam a deixar a decisão vinculada ao caminho do preço do petróleo. "Para a renda fixa, temos um BC dove, mas com uma maior correlação com o petróleo", disseram os profissionais.

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