O dólar teve mais um dia de alta firme ante o real nesta quarta-feira, 26. O receio com o andamento das reformas estruturais, que já havia impulsionado a divisa norte-americana ontem, continuou incomodando os investidores hoje. Além disso, o anúncio do ousado plano de reforma tributária de Donald Trump nos Estados Unidos favoreceu o dólar de forma generalizada nos mercados globais.
O dólar à vista no balcão fechou em alta de 0,69%, a R$ 3,1741, o maior nível de fechamento desde 9 de março (R$ 3,1945). Durante a sessão, chegou a tocar R$ 3,2075, o patamar intraday mais elevado desde 19 de janeiro (R$ 3,2296). Nas últimas duas sessões, o dólar acumula alta de 1,51%. Por volta das 17h15, o dólar futuro para maio avançava 0,81%, a R$ 3,1760.
A força da moeda norte-americana é disseminada, com avanço de 1,70% ante o rand sul-africano, ganho de 1,83% na comparação com o rublo russo e valorização de 1,71% em relação ao peso mexicano.
No noticiário interno, o destaque mais uma vez são as negociações em torno das reformas da Previdência e trabalhista. O governo cedeu em alguns pontos na trabalhista e tenta aprovar o projeto no plenário da Câmara ainda hoje, mas a oposição faz muita pressão contra. Os analistas acompanham de perto a votação, que servirá de termômetro para as mudanças previdenciárias. No caso de hoje, é necessária apenas uma maioria simples, de 257 deputados, mas, se o placar ficar muito abaixo dos 308 votos necessários no caso da proposta de emenda constitucional (PEC) da reforma da Previdência, deve haver uma reação negativa nos ativos financeiros domésticos.
Já no noticiário internacional, o governo Trump anunciou hoje algumas medidas do plano de reforma tributária. A proposta é ousada e prevê redução de sete para três alíquotas no caso do imposto de renda de pessoa física, além de reduzir o imposto corporativo de 35% para 15% e eliminar diversas possibilidades de deduções. O impacto no câmbio se dá porque, em tese, isso poderia estimular a atividade e fazer a economia crescer mais. Muitos analistas, no entanto, são céticos quanto ao plano. O mais provável é que ele seja bastante diluído no Congresso e leve alguns meses para ser aprovado. De qualquer forma, as medidas poderiam gerar mais inflação e alterar a trajetória da política monetária do Federal Reserve.