Após o recuo de mais de 10% acumulado em março, o dólar passou nesta segunda-feira, 14, por ajustes no mercado brasileiro, com investidores recompondo parte das posições na moeda americana. O movimento foi intensificado no fim da tarde, quando surgiram notícias que, em tese, podem fortalecer a luta da presidente Dilma Rousseff contra o impeachment. O resultado foi a alta de 1,48% do dólar ante o real, aos R$ 3,6476. Foi o segundo avanço em dez sessões de março.
Pela manhã, o dólar até chegou a ceder, dando continuidade ao movimento de sexta-feira, quando investidores se posicionaram na venda de moeda na expectativa de que, no domingo, as manifestações a favor do impeachment fossem bem-sucedidas. Às 9h05 de hoje, a moeda americana marcou a mínima de R$ 3,5874 (-0,20%).
Os protestos foram, de fato, mais um fator de pressão sobre o governo, mas profissionais do mercado avaliavam que a crise política está longe de um desfecho. Ao mesmo tempo, as cotações baixas para a moeda americana, após o recuo mais recente, abria espaço para compras. Isso fez o dólar, em menos de 10 minutos de sessão, migrar para o território positivo ante o real.
Já as notícias que surgiram à tarde foram mais positivas que negativas para o governo, na visão do mercado. Perto das 16 horas, fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, informaram que, com o aval de Dilma, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu articular a votação de uma proposta que reduziria os poderes de ela governar. Seria o “semiparlamentarismo”, que permitiria à petista se manter no cargo sem ser afastada definitivamente pelo impeachment. O primeiro-ministro seria o vice-presidente Michel Temer.
Além disso, circulavam pelas mesas notícias de que Dilma aguarda apenas um telefonema de Lula confirmando que ele aceita ser ministro. Já a juíza Maria Priscilla Ernandes, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, decidiu mandar para o juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, a denúncia e o pedido de prisão feitos pelo Ministério Público estadual contra Lula no caso do tríplex. Na prática, a decisão sobre possível prisão de Lula ficou mais para frente, enquanto o petista pode virar superministro a qualquer momento, o que lhe daria foro privilegiado.
Em meio a estas notícias políticas, o dólar à vista renovou máximas na reta final e, às 16h59, marcou R$ 3,6511 (+1,57%). Depois, terminou muito próximo do pico do dia, aos R$ 3,6476 (+1,48%).