E-mail enviado por Rogério Araújo, da empreiteira Norberto Odebrecht – preso pela Operação Lava Jato desde sexta-feira, 19 -, para quatro executivos, em 4 de outubro de 2007, cita o nome do então governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), atualmente investigado pela Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato.
Na mensagem, Rogério Araújo, também alvo da investigação sobre esquema de corrupção e propinas na Petrobras, trata de um empreendimento de interesse da Construtora Norberto Odebrecht (CNO). Ele fala em arranjo com a participação da Odebrecht. “Petrobras/PR vai conversar com o Governador sobre este novo arranjo com a participação da CNO (é importante o Sérgio Cabral ratificar! e também definir o seu interlocutor neste assunto que atualmente junto à Petrobras e Mitigue é o Eduardo Eugenio).”
Esse e-mail faz parte de longa sequência de mensagens interceptadas pela força-tarefa da Operação Lava Jato. A correspondência foi anexada aos autos da Erga Omnes, 14.ª etapa da investigação sobre corrupção e propinas na estatal petrolífera que aponta para o suposto envolvimento da maior empreiteira do País – o presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, e outros executivos foram presos sexta-feira, 19.
No e-mail que cita Cabral, o executivo da Odebrecht trata de uma obra no âmbito do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Ele divide a mensagem em três tópicos. O primeiro menciona o executivo Julio Camargo, apontado pela PF como lobista de multinacionais e operador de pagamentos a ex-dirigentes da Petrobras.
A PF suspeita que Araújo estaria se referindo ao empreendimento Unidades de Geração de Vapor e Energia, Tratamento de Água e Efluentes do Comperj. no qual a estatal petrolífera contratou consórcio formado pela Odebrecht, Toyo e UTC. A PF destaca a orientação que a Petrobras teria dado a Julio Camargo e ao empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, para que a parceria com a Odebrecht se concretizasse.
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) reiteradamente tem negado qualquer envolvimento com empreiteiros e com o esquema de propinas na Petrobras.
Em comunicado publicado nesta segunda-feira, 21, nos principais jornais do País, a Odebrecht, investigada pela Operação Lava Jato, nega ter participado de qualquer cartel na Petrobras. “Não há cartel num processo de contratação inteiramente controlado pelos contratantes, como ocorre com a Petrobras, onde a mesma sempre definiu seus próprios orçamentos e critérios de avaliação técnico-financeiro e de performance.”