Polícia

Farsa que envolve falso médico de Guarulhos inclui fraudes, mentiras e até morte forjada

Uma história de mentiras, fraude e morte tem ligação direta com Guarulhos e envolve um homem que se passou por médico, virou réu por homicídio, e forjou a própria morte para escapar da Justiça. Fernando Henrique Guerrero, que também usava o nome Fernando Henrique Dardis, fingiu ter morrido em janeiro deste ano, mas foi visto vivo em um cartório da cidade dois meses depois. O caso foi revelado pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo (22).

O caso começou em 2011, quando Fernando deixou Guarulhos, onde vivia com a família, e passou a atuar como falso médico na Santa Casa de Sorocaba, no interior paulista. Ele se apresentava como clínico geral, com diploma falso, e chegou a produzir uma cerimônia de formatura fictícia para enganar até amigos e parentes. Segundo o Ministério Público, ele havia cursado apenas até o terceiro ano da faculdade de medicina.

Em outubro daquele ano, uma paciente atendida por ele, dona Helena Rodrigues, morreu após ser liberada com diagnóstico errado. O Ministério Público acusa Fernando de não ter reconhecido os sinais de infarto. Ele foi processado por homicídio e, ao longo dos anos, tentou diversas manobras para evitar o julgamento.

A última e mais ousada delas foi a suposta morte. Em janeiro de 2024, um atestado de óbito enviado à Justiça afirmava que Fernando havia morrido no Hospital Brás Cubas, em Guarulhos. O documento trazia a assinatura da médica Cláudia Obara, que negou ter assinado e afirmou que Fernando sequer esteve internado. Ela, que é próxima da família – foi madrinha de casamento do réu – chegou a falar com ele por telefone durante entrevista à TV Globo.

Outro ponto que reforça a farsa é que, em março deste ano, Fernando apareceu pessoalmente em um cartório de Guarulhos para atualizar seus dados e tirar uma foto, mesmo estando oficialmente morto. O próprio sistema da Prefeitura chegou a registrar um sepultamento em nome dele no Cemitério Vila Rio, mas hoje consta o nome de outra pessoa na mesma sepultura. A administração Lucas Sanches informou que abriu uma sindicância para apurar o caso.

A família de Fernando é dona da empresa Med-Tour, ligada a hospitais da cidade, incluindo o Brás Cubas, citado no caso. Um funcionário do setor de Recursos Humanos do hospital, Ricardo Rodrigues dos Santos, aparece como responsável pelo registro do óbito falso e pela contratação dos serviços funerários, que a própria funerária nega ter prestado.

Neste domingo (22), o próprio Fernando enviou um vídeo à imprensa admitindo que está vivo. “Venho a público esclarecer que estou vivo, que agi sozinho em um momento de desespero. Lembrando que a dona Helena foi atendida por mim, foi internada, passou por mais três médicos e veio a óbito. Eu não aceito por não ter nada no processo que me indique esse crime e desculpa a todos os envolvidos”, disse Fernando na gravação. Ele não explicou quem foi enterrado na sepultura que estava no nome dele.

A Secretaria de Segurança Pública informou que segue tentando capturar o foragido.

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