O fundo de investimento que usa parte dos recursos do FGTS para aplicar em infraestrutura registrou rentabilidade recorde de 8,3% em 2016, segundo balanço que vai ser apresentado nesta quarta-feira, 26. Trata-se do maior retorno do FI-FGTS, criado em 2007, no começo do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, para propiciar aos trabalhadores com carteira assinada – cotistas do Fundo – rentabilidade superior aos 3% ao ano mais TR que remunera as aplicações do FGTS.
O FI-FGTS registrou lucro de R$ 2,627 bilhões em 2016, sob o impacto em grande parte pela valorização das ações do Banco do Brasil dadas como garantia pelo Fundo de Garantia da Construção Naval (FGCN) pelos prejuízos provocados ao Fundo decorrentes da operação com a Sete Brasil, empresa envolvida na Operação Lava Jato da Polícia Federal.
Em 2015, por conta de um provisionamento de R$ 1,8 bilhão para cobrir os prejuízos do colapso da Sete Brasil, empresa criada para construir e administrar as sondas do pré-sal, o Fundo registrou prejuízo de R$ 966,7 milhões, e a menor rentabilidade da história, negativa em 3%.
Pelas regras do Fundo, a rentabilidade de referência é de 6% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR). Não há punição por não alcançar essa marca. No entanto, se o retorno for menor do que o depositado nas contas vinculadas ao FGTS (3% ao ano mais TR), o Fundo teria de completar a diferença.
O investimento malsucedido na Sete Brasil não foi o único em empresas também envolvidas na Lava Jato. Segundo uma das ressalvas da auditoria independente KPMG, dos R$ 24 bilhões investidos pelo Fundo em ações ou financiamentos a empresas, R$ 4,8 bilhões foram direcionados a grupos econômicos que estão sendo investigados pela Justiça Federal e pelo Ministério Público Federal por práticas de corrupção e lavagem de dinheiro. “Não nos foi possível determinar o estágio atual e os possíveis efeitos dos desdobramentos dessas investigações sobre as demonstrações financeiras do FI-FGTS”, diz a ressalva dos auditores independentes.
No fim de 2016, o Fundo tinha R$ 5,5 bilhões investidos em empresas sem ações na Bolsa, sendo que R$ 1,3 bilhão na Odebrecht Transport e R$ 1,1 bilhão na Odebrecht Ambiental Saneamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.