A credenciadora GetNet, empresa do banco Santander que captura e processa pagamentos com cartões de débito e crédito, ganhou espaço em um mercado dominado por Cielo e Rede. A estratégia do negócio é ter preço competitivo e agregar serviços bancários à máquina de cartões. A GetNet conseguiu ampliar sua participação de mercado no setor de 8% para 9% entre o ano passado e o fim de março – com isso, conseguiu se aproximar do cumprimento de uma antiga meta: deter 10% do setor no País.
Em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o presidente da GetNet, Pedro Coutinho, disse que não é só o preço baixo que explica a expansão da companhia. Segundo ele, a GetNet se consolidou na terceira posição – atrás da Rede (do Itaú) e da Cielo (parceria entre Bradesco e Banco do Brasil) – por ter entrado nas concorrências de grandes clientes, com a vantagem de oferecer aos lojistas serviços bancários agregados à máquina.
Entre as novas contas que a GetNet ganhou recentemente estão Walmart, Estapar, Zara, Cencosud, Pague Menos e Magazine Luiza. Enquanto isso, a Cielo admitiu que perdeu clientela no primeiro trimestre, em meio ao acirramento da concorrência.
A GetNet cresceu mais do que as líderes de mercado no primeiro trimestre – é preciso lembrar, porém, que sua base é bem menor do que a das rivais. O volume financeiro movimentado pela GetNet chegou a R$ 22,8 bilhões, alta de 24% em relação ao mesmo período do ano passado. A Cielo capturou R$ 139,5 bilhões em transações de cartões de crédito e débito, com expansão de 10,2% em um ano. A Rede ampliou seu volume em 1,95%, para R$ 92,9 bilhões, na mesma comparação.
A participação da GetNet deve crescer mais, na opinião do presidente da empresa, à medida que o segmento se torne totalmente aberto, colocando um ponto final nas reservas de mercado – o que deve acontecer até o início de 2017. “Isso dará uma cara nova para o segmento em termos de competitividade”, avalia Coutinho.
O mercado de credenciamento se abriu para concorrentes em 2010. No entanto, algumas bandeiras de cartões como Hiper (do Itaú), Elo (de Bradesco, BB e Caixa) e Amex permaneceram fechadas. Como regulador, o Banco Central passou a exigir não só a abertura dessas bandeiras, mas também que houvesse a adoção do modelo denominado “full adquirência” – o que permitirá que todas as empresas possam processar e liquidar operações, etapas hoje restritas à Cielo e à Rede.
A GetNet, segundo Coutinho, já está capturando todas as bandeiras em seus quase 400 mil clientes. Desde o ano passado, passou a registrar as operações de Hiper, Elo e Amex e, há cerca de dois meses, passou a aceitar também Alelo e Ticket.
Desempenho. Sobre o desempenho do mercado de cartões, o presidente da GetNet acredita que o setor pode voltar a crescer dois dígitos no ano que vem, caso as medidas de ajuste fiscal e econômico do governo interino sejam tomadas até o fim de 2016. Neste ano, porém, deve avançar menos de 10%.
Quanto a aquisições, Coutinho admite que o Santander olhou a Elavon, mas que optou por não seguir adiante com o negócio, como também fizeram Bradesco e BB. No fim, o ativo foi levado pela Stone Pagamentos, que teria desembolsado R$ 1 e assumido cerca de R$ 300 milhões em patrimônio líquido negativo. “Não fez sentido para nós. O custo-benefício de uma integração não valeria a pena”, justifica o executivo.
O Santander comprou o controle da GetNet, pela qual desembolsou mais de R$ 1 bilhão, há pouco mais de dois anos. Desde 2010, porém, já atuava com a empresa gaúcha na captura e processamento de transações com cartões.