A derrota do governo na votação do texto da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado foi uma inesperada surpresa para o mercado de ações, que não se refez do susto até o final do dia. A notícia piorou bruscamente o humor dos investidores, que já não era positivo, devido à influência dos mercados internacionais. Apesar de a rejeição do texto não representar necessariamente o comprometimento da tramitação da reforma, a percepção foi de maior enfraquecimento do presidente Michel Temer, que está em viagem à Rússia para promover o Brasil.
O Índice Bovespa fechou nesta terça-feira, 20, na mínima do dia, aos 60.766,15 pontos, em queda de 2,01%. Com esse resultado, o indicador atingiu seu menor nível desde 2 de janeiro (59.588,70 pontos). Passa, assim, a acumular queda de 3,10% em junho e alta de 0,90% em 2017.
“Normalmente, o mercado reage pontualmente a uma notícia inesperada como essa, mas depois se acomoda em um patamar melhor. Hoje não vimos essa acomodação, o que significa que aqueles que saíram não voltaram”, disse Leandro Martins, analista da corretora Nova Futura.
Com a imediata reação dos mercados, o governo buscou minimizar o ocorrido. Da Rússia, o presidente Michel Temer expressou confiança na capacidade do governo de reverter o resultado obtido na CAS. Segundo ele, a vitória do governo no plenário é “certíssima”. Para Temer, a derrota é “muito natural”, porque os projetos passam por várias comissões. “O plenário vai decidir e lá o governo vai ganhar. É maioria simples”, disse.
Já o relator da reforma trabalhista no Senado, Ricardo Ferraço (PSBD-ES), avaliou a votação como uma derrota para o governo. Ele considerou que o resultado pode enfraquecer o apoio à proposta no plenário da Casa. “Na prática, o resultado de hoje significa que o governo não conseguiu articular os senadores para poder aprovar a matéria na CAS. Não muda a tramitação, mas evidentemente é uma derrota política do governo”, disse o relator.
Pela manhã, o mercado de ações já era vendedor, mas por influência essencialmente internacional. A forte queda dos preços do petróleo penalizavam as ações da Petrobras, que ao final do dia tiveram perdas de 2,40% (ON) e de 3,50% (PN). Os papéis da Vale também recuavam, em sintonia com os futuros de minério de ferro e com as mineradoras ao redor do mundo. No fechamento, Vale ON e PNA perderam 2,58% e 2,87%, respectivamente. Entre as 59 ações do Ibovespa, apenas Ambev PN fechou em alta, de 1,12%.