Economia

Ibovespa fecha maio em queda acumulada mensal de 4,12%

O comportamento das commodities no mercado internacional comandou o azedume no último pregão do mês de maio e trouxe o principal índice da Bolsa para baixo dos 63 mil pontos novamente.

Segundo Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, por mais que existam os problemas internos, as commodities sempre ditam o ritmo do mercado brasileiro. O Ibovespa fechou o pregão em queda de 1,96%, aos 62.711,47 pontos. E encerra o mês de maio com queda de 4,12%, o maior recuo mensal deste ano.

“Hoje foi o último dia de um mês que foi extremamente diferente desde 2008, saiu da normalidade por causa da crise política. Houve momentos muito fortes e, agora, um ajuste forte da posição dos investidores em suas carteiras.”

Entre as blue chips das empresas ligadas a commodities, as maiores baixas foram vistas nas ações ON, preferência dos investidores não-residentes. Esses estrangeiros começaram ir às compras no dia 18 de maio – em que veio a público a gravação de Joesley Batista, executivo da J&F, implicando o presidente Michel Temer e o Ibovespa fechou aos 61.600 pontos.

Analistas de mercado disseram durante o dia que as leituras dos PMIs (industrial e de serviços) de abril, na China, embutiram sinais de fraqueza daquela economia. Para Liu Xuezhi, do Bank of Communications, o subíndice de produção do PMI industrial oficial caiu pelo segundo mês consecutivo, ao passo que os preços de entrada e saída também enfraqueceram.

Nesse contexto, os papéis da Vale e sua principal acionista, a Bradespar, figuraram hoje entre as maiores baixas do índice. As ações PN e ON da mineradora fecharam em queda de 4,62% e 5,00%, respectivamente. Nos dias anteriores, os preços subiram na expectativa de investidores com repique nas cotações do minério de ferro. Devolvendo bastante do que subiu.

Já as ações da Petrobras seguiram a direção dos contratos futuros de petróleo nas bolsas internacionais. O petróleo WTI para julho fechou em baixa de 2,70%, a US$ 48,32 o barril, enquanto Brent para agosto, o mais líquido, recuou 2,83%, a US$ 50,76 o barril. Os papéis da Petrobras caíram 2,99% (PN) e 3,88% (ON).

“O mau humor de mercado, e, não político, começou o dia com commodities, mas, após a abertura das bolsas em Nova York, se espalhou por aqui”, disse um operador.

Quase no fim do pregão no Brasil, as ações dos bancos recuavam acompanhando o movimento de seus pares em Nova York, onde Bank of America e Goldman Sachs recuavam 1,82% e 3,33%, respectivamente, no fechamento do pregão por lá. Por aqui, ações ON do Banco do Brasil perderam 2,28% e do Bradesco, 2,35%.

Segundo esse mesmo profissional, temores relacionados à futura delação do ex-ministro petista Antonio Palocci influenciaram negócios ligados aos papéis tanto do BTG quanto da BR Foods, que também tiveram recuos fortes. A queda da BRF, que já acumulava desvalorização superior a 8% no mês, também foi relacionada ao rebalanceamento do índice MSCI. Em comentário, o Santander chamou a atenção para fundos que se antecipam ao fato.

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