Política

Ideia de Guti, que congelou o IPTU por oito anos, vira tentativa de Lucas para se salvar após aumentar impostos

Uma ideia surgida como proposta de campanha do então candidato a prefeito Guti em 2016, que o meio político duvidava, muito criticada por diferentes segmentos, tanto da direita como da esquerda, conforme a conveniência eleitoral, tornou-se agora a “salvação da lavoura do governo Lucas”. A manutenção do congelamento do IPTU para 2026, pelo nono ano seguido, acabou sendo a única arma da atual gestão para minimizar os danos do aumento de 50% nas alíquotas do ISS para mais de 100 setores da economia e da maior taxação de indústrias e comércio na taxa de iluminação, impostas por Lucas Sanches e aprovados pela Câmara.

Guti, ao longo da campanha para prefeito de 2016, inclui em seu plano de governo o congelamento do IPTU durante sua gestão, já que ele entendia que a população havia sido penalizada com os aumentos promovidos durante os governos do PT, que chegaram a mais de 2.000% em muitos casos. Eleito, Guti conseguiu manter o congelamento pelos oito anos de suas duas gestões.

Neste período, invariavelmente foi bastante criticado por diferentes setores, que alegavam se tratar de uma medida com caráter eleitoreiro, que iria comprometer a arrecadação municipal, sem levar em consideração os ganhos para a população. Estima-se que a economia para os contribuintes aos longos anos, já que não houve nem reposição da inflação, ultrapassou o valor equivalente a um IPTU e meio.

Vereadores de direita e de esquerda, como Laércio Sandes (UB), fizeram muitas críticas, que atribuíam a Guti “irresponsabilidade” por abrir mão da arrecadação maior que seria obtida com possíveis reajustes neste período. Oportunamente, o mesmo parlamentar, na sessão da última segunda-feira, contrariando toda sua linha de discursos nos últimos oito anos, defendeu o congelamento do IPTU para o ano que vem, já que se tornou base de Lucas Sanches na Câmara.

Na justificativa do projeto enviado à Câmara, Lucas, sem citar o nome de Guti, salienta o sucesso do congelamento. “Considerando que o Município já pratica, com sucesso, o desconto no valor das correções aplicadas à Unidade Fiscal de Guarulhos – UFG no pagamento do IPTU, sem causar prejuízos aos cofres públicos, propõe-se através do Projeto de Lei em questão a continuidade da concessão desse benefício para o exercício de 2026 nos recolhimentos efetuados até a data do vencimento, buscando assim a redução da inadimplência do contribuinte, além de promover justiça fiscal e social”.

Nesta segunda-feira, Lucas conseguiu aprovar o que foi chamado de “pacote da maldade”, com o apoio da maioria dos vereadores, com projetos que incluem aumento da alíquota de ISS em até 50%, taxação em 4% e 6% na Cosip para comércio e indústria respectivamente, reestruturação da gestão municipal, que inclui criação de cargos de alto escalão, que oneram a folha de pagamento, entre outras medidas que acabam por penalizar a população.

A única exceção, positiva para os guarulhenses, foi a manutenção do congelamento do IPTU por mais um ano. Apesar de que já está em curso a atualização da Planta Genérica de Valores, que incidirá sobre os imóveis que tiveram alguma modificação nos últimos anos. Da última vez que isso ocorreu, em 2013, na gestão do PT, os aumentos foram bastante consideráveis para boa parte da população.

Posso ajudar?