O número de empresas inadimplentes no Brasil bateu recorde em abril, mostra levantamento feito pela Serasa Experian. Segundo a pesquisa, 4,4 milhões de companhias estão com dívidas em atraso, mais da metade das cerca de 8 milhões de empresas em operação no País. O recorde anterior era de junho do ano passado, quando 3,8 milhões de empresas estavam negativadas. O volume atual de dívidas atrasadas soma R$ 105,6 bilhões.
O levantamento aponta ainda que, do total de companhias inadimplentes, 45,2% são comerciais (lojas de vestuário, concessionárias, lojas de eletrônicos, entre outros), 45% são do segmento de serviços (bar, restaurante, salões de beleza, turismo, entre outros) e 8,9% são indústrias. O Sudeste é a região que concentra a maioria das empresas com dívidas em atraso do País: 51%. Em segundo lugar aparece o Nordeste, com 17,9%, seguido do Sul (16,6%), Centro-oeste (8,9%) e Norte (5,7%).
Quase metade das empresas inadimplentes conta com quatro dívidas ou mais (48,5%). Depois estão aquelas com uma dívida em atraso (29,9%) e as empresas com duas pendências financeiras (13,3%). As companhias com três dívidas atrasadas são minoria (8,3%). A maioria das empresas está inadimplente com apenas um credor (57,1%). Do total, 22,4% têm conta em atraso com mais de três credores e 20,5% apresentam pagamentos pendentes para dois credores.
Para economistas da Serasa, a inadimplência das empresas preocupa mais do que a do consumidor. “O quadro recessivo que se instalou na economia brasileira desde o ano passado afeta diretamente o ritmo dos negócios e, por consequência, a geração de caixa por parte das empresas. Além disto, a crescente elevação dos custos financeiros (taxas de juros mais altas) e de mão-de-obra (salários crescendo acima da produtividade) impõe maiores dificuldades financeiras para os negócios”, dizem os analistas em nota.
Eles alertam também para o fato de que a maior parte das empresas negativadas são de pequeno ou médio porte. Estas, que concentram a geração de emprego no Brasil, podem não conseguir honrar suas dívidas e acabar atrasando o pagamento de salários, o que contribuiria para elevar as taxas de desemprego.