Economia

Indefinição sobre economia eleva volatilidade cambial

As dúvidas sobre quem formará a equipe econômica e sobre as diretrizes no segundo governo Dilma Rousseff voltaram a elevar a volatilidade no mercado de câmbio. Após a relativa “lua de mel” na primeira semana depois da eleição, quando houve certa acomodação das taxas, o dólar já está em níveis mais altos que os vistos antes da votação e a volatilidade está crescendo novamente.

A incerteza do mercado financeiro quanto ao futuro do dólar, um dos fatores levados em conta para a precificação de opções da moeda americana, vem aumentando desde 31 de outubro. O índice de volatilidade FXvol – calculado pela BM&FBovespa e que mede a incerteza da taxa de câmbio que está embutida na negociação das opções de dólar – subiu de 16,415% ao ano naquela data para 18,177% ao ano na última quinta-feira, 6 de novembro, conforme os números mais recentes da BM&FBovespa. Na prática, quanto maior o indicador, maiores as dúvidas sobre para onde vai a cotação do dólar.

No último dia útil antes da eleição, em 24 de outubro, o indicador havia marcado 23,372% ao ano. Na segunda-feira seguinte, 27 de outubro, com Dilma já reeleita, o FXvol despencou para 15,541% ao ano, em meio à expectativa de analistas e investidores de que a presidente pudesse anunciar nomes de confiança do mercado para sua equipe. Passadas duas semanas, isso não aconteceu.

“O mercado respeita também. Ele deu um tempo para a Dilma definir quem ocuparia o Ministério da Fazenda, para indicar as diretrizes. Só que depois viu o (ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio) Mercadante falando sobre economia. Então foi atrás do dólar”, comentou um profissional da área de câmbio, referindo-se a comentários feitos pelo ministro na última quinta-feira, dia 6.

Entre outras coisas, Mercadante descartou cortes bruscos nos gastos públicos e defendeu a flexibilização da meta de superávit primário. Como o mercado financeiro tem suas preferências para a nomeação do novo ministro da Fazenda – entre os favoritos, está o do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles -, os comentários de Mercadante foram mal recebidos.

O problema é que, por conta das indefinições, os negócios no câmbio ficam bastante voláteis, em meio às dificuldades dos players para projetar o dólar para o futuro próximo. Hoje, por exemplo, o dólar recua ante o real no Brasil, em sintonia com a baixa da moeda americana ante outras divisas no exterior. Mas o movimento de queda por aqui é mais intenso do que o visto lá fora.

Swaps

Com a volatilidade alta, profissionais do mercado questionam o motivo para que o Banco Central sinalize a rolagem apenas parcial dos contratos de swap que estão para vencer em dezembro. Para o profissional ouvido pela reportagem, o BC “deveria fazer tudo, não só pelo fato de rolar todos os vencimentos em si, mas para sinalizar que o programa de swaps não vai acabar”. Isso, segundo ele, diminuiria a volatilidade.

Se mantiver o ritmo diário de 9 mil contratos para rolagem, o BC atuará por 17 dias úteis – excluindo-se o dia 20, feriado da Consciência Negra em São Paulo, e o dia 28, quando ocorre determinação da ptax. Seriam rolados 153.000 contratos (US$ 7,650 bilhões) dos 196.620 contratos (US$ 9,831 bilhões) programados para vencer. Com isso, seriam recolhidos do sistema o equivalente a 43.620 contratos (US$ 2,181 bilhões).

Porém, para João Medeiros, diretor da corretora Pioneer, não existe “asfixia no mercado por falta de moeda”. “Houve um ingresso grande de moeda (na semana após a eleição). E também não vejo uma procura absurda por hedge por empresas ou outros players”, comentou, ao justificar a tendência de rolagem parcial dos swaps.

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