O desempenho da indústria no mês de maio foi marcado pela queda na produção, pelo excesso de estoques, pelas demissões e pela ociosidade do parque fabril. É o que mostra a pesquisa Sondagem Industrial divulgada nesta terça-feira, 23, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de evolução da produção subiu um pouco, registrando 41,7 pontos, ante 39,7 pontos verificados em abril. Mas ainda assim o indicador ficou abaixo de 50 pontos, o que indica queda na produção. “A Sondagem Industrial de maio expõe a persistência da baixa atividade industrial e o pessimismo em relação à melhora da situação da indústria brasileira no curto prazo”, destaca a CNI.
Essa produção em queda é acompanhada pela redução também no emprego da indústria. O índice de evolução do emprego caiu de 43,1 pontos em abril para 41,4 pontos em maio, atingindo novo piso histórico. Os indicadores da pesquisa variam de zero a 100. Quanto mais abaixo dos 50 pontos, maior a queda da produção e do emprego.
A pesquisa mostra que os estoques aumentaram em maio. O índice que mede a evolução dos estoques foi de 51,2 pontos, ante 51,8 pontos de abril, acima da linha dos 50 pontos, o que indica aumento dos estoques. Outro indicador, o que mede o estoque efetivo em relação ao planejado, mostra a manutenção do excesso de estoques indesejados. Esse índice ficou em 52,4 pontos, um aumento de 0,6 pontos em relação a abril. O problema é maior ainda para as grandes empresas, mostra a pesquisa, em que o indicador chegou a 56,7 pontos.
Com o aumento dos estoques, a utilização média da capacidade instalada caiu um ponto porcentual em relação a abril e ficou em 66%. Apesar da pequena variação em relação ao mês anterior, o resultado é cinco pontos porcentuais inferior ao registrado em maio de 2015.
Expectativas
O levantamento da CNI mostra que as expectativas dos empresários continuam pessimistas e o índice de intenção de investimento continuou em queda, atingindo o menor valor da série, 43 pontos. Na pesquisa anterior, esse indicador estava em 44,2 pontos.
O documento divulgado pela CNI mostra que todos os indicadores de expectativas para os próximos seis meses ficaram abaixo da linha divisória dos 50 pontos, o que revela previsão de redução da produção, das exportações, das compras de matérias-primas e do número de empregados.
Na avaliação do gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, a retomada dos investimentos depende de medidas que reduzam os custos das empresas. “É possível, mesmo com o ajuste fiscal em curso, reduzir a burocracia, incentivar a participação da iniciativa privada nas obras de infraestrutura e atuar na área de comércio exterior, buscando, entre outras medidas que estimulem as exportações, acordos com outros países”, diz Fonseca. Segundo o gerente, as medidas que ajudam a aumentar a competitividade da economia são imprescindíveis para resgatar a confiança empresarial. A Sondagem Industrial foi feita entre os dias 1º e 12 de junho, com 2.389 empresas.