Um dos presidentes interinos na Federação Alemã de Futebol (DFB), Rainer Koch, veio a público nesta terça-feira para cobrar explicações do ídolo nacional Franz Beckenbauer. O ex-jogador tem o nome cada vez mais ligado ao escândalo de corrupção que estourou no país nas últimas semanas e culminou, inclusive, na renúncia do presidente da DFB, Wolfgang Niersbach, na última segunda.
Líder da candidatura alemã para sediar a Copa do Mundo de 2006, e posteriormente presidente do Comitê Organizador do torneio, Beckenbauer tem sido acusado de estabelecer relações ilícitas para garantir que a competição acontecesse no país. A pressão aumentou nesta terça-feira, quando dois jornais locais garantiram a ligação do ex-jogador com o ex-dirigente da Fifa Jack Warner.
Em meio a tantas acusações contra o astro, Koch cobrou que Beckenbauer se explique e manifeste sua posição. “Nós apelamos a ele que se coloque mais próximo e dê uma explicação sobre o que aconteceu”, declarou o dirigente, um dos dois presidentes interinos da DFB neste momento.
O próprio Koch, aliás, foi o responsável por confirmar algumas das acusações contra Beckenbauer. Nesta terça, ele admitiu que o ex-jogador assinou um contrato em 2000 se comprometendo a prestar “vários serviços” a Warner quatro dias antes da escolha da Alemanha como sede do Mundial de 2006.
A denúncia havia sido feita pelos jornais The Sueddeutsche Zeitung e Bild, que trouxeram à tona o contrato assinado por Beckenbauer, que prometia ingressos e partidas amistosas a Jack Warner dias antes de a Alemanha vencer a África do Sul na eleição para sede da Copa por apenas um voto. Segundo o Bild, no entanto, o documento nunca entrou em vigor.
Na época, Warner era o presidente da Concacaf. Depois de anos enfrentando acusações por corrupção, o dirigente foi banido pelo resto da vida de qualquer atividade relacionada ao futebol no último mês de setembro. A Fifa justificou a punição a seu ex-vice-presidente em comunicado: “Cometeu muitos atos de má conduta continuamente e repetidamente durante seu tempo como um dirigente em diferentes bem estimadas e influentes posições na Fifa e na Concacaf”.
Antes da acusação de ligação com Warner, Beckenbauer já vinha enfrentando a pressão da opinião pública alemã por ter sido apontado como líder de um esquema que teria pago suborno de mais de US$ 6 milhões a dirigentes para garantir o país como sede do Mundial. O ex-jogador chegou a confirmar que havia enviado o dinheiro e que se tratava de um “erro”, mas garantiu que agiu de maneira lícita e que a verba tratava-se de uma garantia financeira para que a Fifa desse à Alemanha uma quantia já disponível para a organização do torneio.